CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA ENERGIA!

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A seguinte matéria foi escrita por Larissa Veloso, publicada pela revista Planeta, edição de março de 2014. Portanto, todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à autora e a revista, e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.


"ENERGIA INTELIGENTE"
"Nove cidades brasileiras já desenvolveram projetos para testar a Smart Grid, a rede inteligente de energia que proporciona tarifas diferenciadas e mais economia na conta de luz"


"Você chega em casa logo após o trabalho e se prepara para tomar uma ducha quando seu filho alerta que é melhor esperar meia hora para usar uma tarifa de luz pela metade do preço. Você tranquiliza o menino e diz que não há problema, pois naquele mês os painéis solares de casa geraram uma quantidade de energia suficiente para garantir três meses sem tarifa. Depois do banho, você liga o computador e baixa um e-mail da companhia de energia, informando que está na hora de trocar o chuveiro: as medições mostraram que o aparelho está com defeito e vem consumindo mais energia do que deveria.
Em um futuro não distante, essa poderá ser a rotina de muitos lares brasileiros. O sistema que pode fornecer a base tecnológica para isso já está sendo testado e várias cidades do país. Denominado Smart Grid, ou 'rede inteligente', é considerado a última tendência em sustentabilidade no abastecimento energético. 'As redes inteligentes utilizam tecnologia da informação para monitorar e atuar na geração, na transmissão, no armazenamento e no consumo de eletricidade, para gerenciar a oferta e a demanda por energia', diz a engenheira ambiental Ana Carolina Rodrigues Teixeira, que desenvolve um estudo sobre o tema na PUC Minas, em Belo Horizonte.
Com a Smart Grid, as concessionárias de energia adquirem informações exatas sobre casa ponto da rede, da geração à casa do consumidor. Tornam-se capazes de saber em tempo real em que áreas da cadeia de transmissão tão ocorrendo perdas de energia, e agir com precisão em caso de incidentes, em vez de perder tempo procurando a falha em grandes trechos. Com o sistema eficiente, o desperdício pode ser reduzido antes mesmo de chegar ao consumidor final. 'Tudo depende da configuração da rede e de onde seria implantada, mas na cidade de Évora, em Portugal (onde o sistema já está em funcionamento), a economia de energia foi da ordem de 4%. Estimativas mais otimistas chegam a 20% de redução', diz André Pepitone da Nóbrega, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)."


"IMPACTO NO BOLSO"

"Para a maioria dos brasileiros, a grande diferença estaria na hora de pagar a conta de luz. Com um monitoramento preciso do consumo, as concessionárias poderiam disponibilizar uma tarifa diferenciada. O preço da energia variaria ao longo do dia, mais caro nos horários de pico e mais barato nos horários de menor consumo. Com isso, mais consumidores optariam, por exemplo, por tomar banho no horário da manhã, diminuindo a pressão sobre o sistema em certas horas do dia.
Além disso, a implantação da Smart Grid permitiria que o brasileiro não só consumisse, mas também vendesse energia para as concessionárias, gerando em sua própria casa. O sistema já existe em países como a Alemanha. Lá, quem instala painéis solares para eletricidade em sua residência pode pagar o custo da instalação vendendo o excedente de energia de volta para a rede. 'No Brasil, isso pode ser mais um impulso para o desenvolvimento tecnológico e a utilização da energia solar', afirma Ana Carolina.
No entanto, o caminho para a difusão da Smart Grid no país ainda é longo. Em primeiro lugar, é preciso trocar os medidores de energia de cada residência, que hoje são analógicos, por modelos eletrônicos. A Aneel estima que haja, em todo o território nacional, cerca de 70 milhões desses aparelhos Até o momento não existem estimativas de quanto a troca custaria nem quanto tempo levaria - mas custaria, sim, para a companhia, não para o consumidor. Esse poderá ser um trabalho de vários anos, mas iniciativas já começam a surgir e mostrar resultados."


"REDE PRÁTICA"

"Pelo menos nove cidades brasileiras já possuem projetos experimentais de implantação de Smart Grids. Uma delas é Aparecida, em São Paulo. A concessionária de energia que atende a região, a EDP, já trocou 14 mil medidores no município, sem custo para os usuários, como parte do projeto InovCity, iniciado em 2010. 'Estamos desenvolvendo em Aparecida um projeto completo de cidade com o máximo de eficiência energética. Queríamos fazer um teste com todas as tecnologias do momento, para estarmos preparados para a demanda que virá', explica Jeferson Marcondes, gestor de tecnologia da EDP.
Com a troca dos medidores, a leitura, que antes era feita uma vez por mês por um técnico da empresa, agora poderá ser feita em qualquer horário. Isso porque, em vez de exigir a designação de um funcionário da companhia para passar de casa em casa a fim de conferir a medição do relógio de luz, o acompanhamento pode ser feito remotamente. Até o desligamento ou religamento de energia poderá ser feito sem a necessidade de visita técnica. 'Vamos ter todas essas informações online e em tempo real. Vamos poder orientar os consumidores sobre a melhor forma de usar a energia', atesta Jeferson Marcondes. O custo do projeto de troca dos medidores ficou em R$10 milhões. O InovCity Aparecida também envolve ações de conscientização da população, instalação de aquecedores solares em tetos, troca do sistema de iluminação pública e distribuição de lâmpadas e eletrodomésticos mais eficientes para população carente.
A 200 quilômetros de Aparecida, outro projeto de Smart Grid está sendo desenvolvido, pela AES Eletropaulo. Em Barueri, a empresa vai trocar os medidores de 72 mil residências até 2015, atingindo assim 250 mil pessoas. 'Queríamos escolher uma área com todas as características de metrópole para testar a Smart Grid', explica Maria Tereza Vellano, diretora regional e responsável pelo projeto. O custo total da operação gira na casa dos R$ 72 milhões, sem contar os R$ 220 milhões que a empresa afirma já ter investido na modernização da sua rede.
Isso porque, a rigor não basta apenas trocar os medidores analógicos por aparelhos eletrônicos. A rede de geração, distribuição e transmissão precisa estar adaptada. A AES Eletropaulo teve de instalar equipamentos de automação e digitalizar as subestações. 'Estamos falando de uma rede totalmente informatizada, que vai gerar aumento da eficiência operacional e redução das perdas comerciais', diz Maria Tereza. Ou seja: menos desperdício de energia dos sistemas de distribuição e transmissão e mais redução de tarifa. Para que uma verdadeira Smart Grid fosse implantada em todo o Brasil, cada concessionária teria de se adaptar. Atualmente, há mais de 40 empresas gerenciando a distribuição de energia em diferentes regiões do país.
Como os técnicos da AES Eletropaulo não sabem ainda quais demandas serão feitas pelo consumidor, a empresa afirma que instalou medidores com o maior número de funcionalidades possível. Dessa forma, no futuro os consumidores poderão não apenas monitorar o consumo em tempo real, como também vender a energia excedente. Ocorre que o atraso brasileiro é tamanho na área que, por enquanto, não será possível conferir separadamente o consumo de energia de cada aparelho da casa. Essa funcionalidade depende de que entre cada eletrodoméstico e a tomada haja um aparelho específico para fazer a medição."


"TARIFA BRANCA"

"Além das melhorias técnicas nas redes e nos medidores, há atraso burocrático. Antes de revolucionar seu sistema de transmissão de energia, o país precisa ter marco legal para tanto. A Aneel já vem trabalhando nisso há algum tempo, e em 2012 elaborou uma resolução que estabelece a chamada Tarifa Branca. Nesse sistema, a energia elétrica tem três preços diferentes. Um valor, mais barato, para os horários considerados de baixo consumo; outro, mais elevado, para os horários de pico; e um preço intermediário na transição entre os dois períodos."


"A adesão à Tarifa Branca é opcional e já pode ser solicitada pelo consumidor desde fevereiro de 2014. Mas a instalação vai depender do fato de a concessionária já dominar a nova tecnologia. Os novos medidores são sempre instalados sem custo adicional. A própria Aneel alerta que a mudança só vale a pena para os clientes que usam muita energia fora dos horários de maior consumo, entre 18 e 22 horas.
É bom lembrar que a simples troca do medidor ou a adoção da Tarifa Branca não garante uma conta mais barata. 'A economia não depende do medidor, é só um incentivo ao uso racional da energia; o importante é a vontade do cliente', nota Jeferson Marcondes, da EDP. 'Como não havia informação em tempo real, ele não tinha como agir. Daqui em diante, o consumidor vai poder saber o valor e identificar quando está gastando mais'.
Mesmo sem aparelhos inteligentes e tarifas diferenciadas, já é possível fazer um uso mais racional da energia. Basta trocar as lâmpadas incandescentes por fluorescentes, passar menos tempo no chuveiro e desligar aparelhos ligados sem necessidade."


A matéria acima foi retirada da revista PLANETA - Ano 42 - edição 496, págs. 22, 23, 24 e 25. Março de 2014. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista PLANETA e a Editora Três.


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