CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA ECONOMIA!

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A seguinte matéria foi escrita por Marcelo Skate, publicada pela revista Veja, em 07 de outubro de 2015. Portanto, todos os direitos autorais pertencem exclusivamente a seus autores e não devem ser copiados sem a divulgação de seus nomes.

"O REAL QUE SE CUIDE NA ARENA"
"Para se defenderem do risco da desvalorização do real, muitas empresas brasileiras apostam suas fichas no dólar. Esse é o jogo. Não tem bonzinho nem patriota no mercado financeiro"


"Coloque-se no lugar de um brasileiro, controlador de uma grande empresa, que começa a ver a economia brasileira desmanchar-se no ar com o impacto forte na desvalorização da moeda brasileira. Nessa hora, é obrigação do controlador esquecer sua nacionalidade, seu patriotismo e quaisquer outras atribuições sem materialidade para a saúde financeira da empresa e correr para um porto seguro - o dólar. Foi o que fez quem percebeu antes que é sem fundo o poço em que o populismo lulopetista enfiou a economia do Brasil. A JBS, gigante global do setor de alimentos, líder na produção de carne bovina, é um bom exemplo, desculpem pelo trocadilho, do 'comportamento de manada'. No terceiro trimestre deste ano, a JBS ganhou 12,7 bilhões de reais com contratos de derivados cambiais, segundo cálculos dos analistas Viccenzo Paternostro e Victor Saragiotto, do banco Credit Suisse. Em português escorreito, isso significa que a empresa fez apostas financeiras com a premissa de que o real se desvalorizaria em relação ao dólar. Foi exatamente o que ocorreu. De julho a setembro, o real perdeu 34% de seu valor em comparação com a moeda americana.
O ganho com o declínio da moeda brasileira reflete a crise do governo da presidente Dilma Rousseff, do PT. A JBS cresceu bastante na era petista, sendo vista no mercado como uma das escolhidas pelo regime para fazer parte do clube das 'campeãs nacionais'. Efetivamente, a JBS tornou-se uma das companhias brasileiras mais internacionalizadas, com operações nos Estados Unidos, na Austrália e na Argentina - onde, diga-se, suas unidades estão dando exemplos de gestão eficiente e rentável. Ao mercado não escapou, porém, a ironia de se ter uma 'empresa campeã' nacional brasileira lucrando em apostas contra o real - e tendo à frente do conselho da holding que a controla Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que, nos oito anos do governo Lula, foi um hábil, aguerrido e bem-sucedido defensor do poder de compra do real. Executivos financeiros de outras grandes empresas brasileiras também recorreram ao mesmo mecanismo usado pela JBS para se proteger da desvalorização cambial. Eles ressaltam que as operações de derivativos cambiais são arriscadas. Isso significa que os ganhos obtidos até aqui podem se enfraquecer caso o câmbio se estabilize e ainda ser anulado ou virar prejuízo na eventualidade remota de o real ganhar terreno sobre o dólar até o fim do ano.
Já fazia algum tempo que as grandes empresas brasileiras vinham procurando obter receitas em moedas fortes, abrindo ou comprando unidades nos Estados Unidos e na Europa. A esse movimento, dá-se o nome de 'hedge natural' - proteção natural. Desse ponto de vista, a JBS está muito bem protegida naturalmente, uma vez que 85% do seu faturamento atual é em dólar. As operações com derivativos são proteções adicionais. Quem vai por esse caminho atualmente age com muito mais cautela, tendo em mente os casos da Sadia e da Aracruz. Em 2008 elas viram seus ganhos em apostas cambiais - não na valorização do dólar, mas na do real - tornar-se prejuízos insustentáveis, depois da crise mundial detonada pela quebra do banco americano Lehman Brothers. A cotação do dólar disparou no Brasil. A Sadia foi comprada pela concorrente, a Perdigão, e a Aracruz foi absorvida pela Votorantim Celulose e Papel (VCP)."

A matéria acima foi retirada da revista Veja, edição 2 446 - Ano 48 - nº 40, págs. 62 e 63. 07 de outubro de 2015. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista Veja e a Editora Abril.


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