CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA VIOLÊNCIA!


"QUANTOS RYANS SUPORTAREMOS?"


Por: Diogo Shelp

"Antes de Ryan, houve Alana, Hugo e Fabiana, Ramon, João, Roberto e Wesley, Juan, Juliana e Bruna, Yasmin, Adrielly e Lucas, Luís Felipe, Patrick e Larissa, Asafe, Eduardo e Christian, Herinaldo, Ruan e Ana Beatriz, Taís, Caio e João Vitor. Todos com idade entre 2 e 14 anos, todos vítimas de balas perdidas no Rio de Janeiro nos últimos nove anos. Algumas foram disparadas por bandidos, outras por policiais. Ryan Gabriel tinha 4 anos. No domingo de Páscoa, enquanto brincava perto da casa do avô, no Morro do Cajueiro, uma bala disparada do fuzil de um traficante do Terceiro Comando do Morro da Serrinha, a cerca de 150 metros de distância, atingiu o menino pelas costas e atravessou o seu corpo. Sem poderem se revoltar contra os bandidos que comandam sua comunidade, os moradores protestaram nos dois dias seguintes contra a omissão do Estado. Vândalos aproveitaram a confusão para queimar dois ônibus. O choro de Tayane Pereira da Silva, de 20 anos, sobre o caixão do filho Ryan, na cena ao lado, assemelha-se ao de tantas outras mães retratadas nos atuais conflitos do Oriente Médio. O Brasil não está em guerra, mas os brasileiros vivem situações de guerra todos os dias. Em 2014 houve 60 000 assassinatos no país. Isso é quase uma Síria, cuja guerra civil morreram, no mesmo ano, 76 000 pessoas. Quantos Ryans mais serão necessários para que essa tragédia nacional seja levada a sério?"


A matéria acima foi retirada da revista VEJA - Edição 2 472 - Ano 49 - nº 14, págs: 38 e 39. 06 de abril de 2016. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista VEJA e a Editora Abril. 

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