AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?


Você sabe o que é despressurização? Talvez esta palavra seja estranha aos seus ouvidos, mas se você já viajou de avião, com certeza saberá o que é. 
Sabemos que os aviões, principalmente os comerciais seguem um plano de voo, com rota e altitudes pré-determinadas, não é mesmo? Você já percebeu que as janelas de qualquer avião, seja um Airbus ou Boeing, são devidamente lacradas? Ou seja, elas não abrem. Isso acontece porque o ar, na altitude em que o avião está, é perigosamente nocivo para um ser humano. Isso acontece porque as aeronaves voam a 11 km de altura (altitude considerada alta), e consequentemente, a pressão atmosférica é muito baixa, impossível para que, qualquer ser humano, respire-a sem equipamentos adequados. Além disso, os aviões comerciais possuem um sistema que comprime esse ar, e joga-o dentro da cabine. Esse processo é chamado de pressurização. No entanto, quando há uma despressurização, ou seja, o avião sofre algum dano em sua estrutura, que faz com que o ar dentro da aeronave se torne irrespirável, é necessário que os passageiros usem as máscaras de oxigênio, que são acionadas em situações desse tipo. No entanto, há um tempo para que esse ar acabe, e caso o dano não seja concertado, como uma aterrizagem de emergência, as pessoas acabam morrendo. A tripulação tem um tempo maior com as máscaras, como é o caso dos pilotos, que precisam desse oxigênio para resolver a ocorrência. 
Na história da aviação comercial há muitos relatos referentes a problemas de despressurização, alguns tão graves que acabam com a vida tanto dos passageiros, como também, dos tripulantes. Em agosto de 2008, um Boeing 737 da companhia Ryanair, com destino à Barcelona, sofreu uma despressurização parcial da cabine. Segundo relatos de um dos passageiros, primeiro veio 'uma lufada de vento gelado e depois, o avião ficou completamente frio. Parecia que alguém tinha aberto a porta do avião'. Para piorar, nem todas as máscaras de oxigênio caíram como deveriam em uma situação como essa. E algumas que caíram, não liberaram o oxigênio. O que salvou a vida dos 168 passageiros era que o avião estava em uma altitude considerada baixa, a 6,7 km. O tempo foi suficiente para que o piloto descesse ainda mais a aeronave, em uma altitude de 2,2 km de altura, considerada normal para se respirar sem os equipamentos.


FAGULHA FATAL: O VOO SUFOCANTE DA VARIG


Acidente: Avião em chamas após incêndio no banheiro
Local: Paris - França
Data do acidente: 11 de julho de 1973
Causa: Incêndio provocado por bituca de cigarro
Companhia: Varig
Aeronave: Boeing 707
Número de mortos: 123

Era 11 de julho de 1973, uma quarta-feira de rotina para o experiente comandante brasileiro Gilberto Araújo Silva, responsável pelo voo RG-820, que fazia o trajeto Rio de Janeiro-Paris, na França. O voo transcorria normal e já estava quase finalizado até que, por volta das duas da tarde, quando uma passageira saiu tossindo fortemente quando saía de um dos banheiros. 'Quase morri aí dentro!', exclamou ela, enquanto tropeçava desorientada pelo corredor do Boeing 707 da companhia brasileira Varig. Imediatamente, duas comissárias de bordo correram até o local, e pela porta ainda aberta, viram um grosso rolo de fumaça. Uma das comissárias foi correndo buscar o extintor de incêndio - mas, quando voltou, o fogo já havia se espalhado pelo corredor da aeronave.
Logo, o comandante Gilberto percebeu o que estava acontecendo, e rapidamente decidiu que a aeronave não poderia continuar a rota atá o aeroporto de Paris. Se o avião caísse em cima de casas e prédios, o já trágico acidente tomaria proporções ainda maiores, e mais vidas seriam perdidas. Os passageiros, a essa altura, já deveriam ter morrido asfixiadas, pois o oxigênio das máscaras já tinha acabado. Ali próximo, Gilberto avistou um campo com plantações de cebola, e decidiu fazer um pouso de emergência ali mesmo, pois o avião não seguiria mais devido à destruição total da aeronave. À beira da própria asfixia, e sem conseguir enxergar sequer o painel de controle, o comandante junto com o copiloto quebrou as janelas do cockpit, puseram os rostos para fora para conseguir respirar e realizaram a manobra quase que às cegas, somente calculando a largura de uma garagem. No impacto da descida, o comandante Gilberto lesionou o crânio, a coluna e as três vértebras. O copiloto, atingido pelos galhos de uma árvore, teve fratura exposta no braço e um corte profundo na mão.
O avião, no chão, era praticamente irreconhecível, a não ser a parte de trás e partes da frente do Boeing. Não havia nada a fazer quanto aos passageiros. Apesar do pouso bem-sucedido, a fumaça intoxicante sufocou quase todos. Entre as vítimas, estava o cantor Agostinho dos Santos, a atriz Regina Lecléry e o senador Filinto Muller - que, na época, era presidente do Senado Federal. Um passageiro sobreviveu ao fogo, mas não resistiu ao impacto, e veio a óbito. Dos tripulantes, quase todos sobreviveram devido aos tanques de oxigênio extra. Um único comissário morreu, ao ser arremessado contra o painel do cockpit.
O único passageiro que sobreviveu ao acidente, o carioca Ricardo Trajano, então com 19 anos, agachou-se contra a porta entreaberta da cabine de comando - e sobreviveu graças ao ar que vinha das janelas abertas. Após a chegada dos bombeiros, Ricardo foi encontrado desmaiado, com fraturas e queimaduras pelo corpo. Foi retirado com vida antes que o avião fosse completamente destruído pelas chamas.
Após o desastre, o Ministério de Transportes francês determinou em suas investigações, que o incêndio fora causado por uma ponta de cigarro jogada ainda acesa, no banheiro. Após o desastre, todas as agências aéreas exigiram que as companhias proibissem o consumo de cigarros nos banheiros ou em qualquer outro lugar da aeronave. A proibição só foi definitivamente instituída pelas companhias aéreas em 1988.

CURIOSIDADE

Em 30 de janeiro de 1979, o mesmo comandante que pilotava o voo da Varig que incendiou em 1973, decolou no também Boeing 707 cargueiro do Aeroporto Internacional de Narita, em Tóquio, com destino ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro - e com uma escala nos Estados Unidos. Após o primeiro contato, vinte e dois minutos após a decolagem, o Voo Varig 967 desapareceu misteriosamente. Até hoje, nenhum dos 6 tripulantes, contando com o experiente Gilberto, voltaram ou entraram em contato. O desaparecimento é um mistério.


SUGESTÃO

Separamos um pequeno vídeo que traz a notícia do desaparecimento do Boeing 707 cargueiro comandado pelo piloto brasileiro Gilberto Araújo da Silva, e que relembra o acidente do outro Boeing 707 da Varig que pegou fogo em Paris.


SUGESTÃO PARA LEITURA

Não deixe de ler e conhecer as outras catástrofes aéreas da série Aviões: O Que As Catástrofes Aéreas Ensinam?. Clique sobre o título e escolha qual quer ler. Boa leitura!

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