ATUALIDADES:
VESTIBULAR E ENEM


CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE:
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

SURTO RECORDE DE FEBRE AMARELA
É o pior quadro da doença em mais de 30 anos, e se soma ao risco epidêmico das enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti: a dengue, a zika e a chikungunya


O verão de 2017 chegou com uma ameaça epidêmica a mais, a febre amarela silvestre, o que amplia para quatro o leque de infecções transmitidas por mosquitos, junto com a dengue, a zika e chikungunya. A febre amarela silvestre é epidêmica (constante) na maior parte do país, mas o surto atual é o pior em mais de 30 anos, em número de casos e de vítimas fatais já confirmados.

A febre amarela é provocada por um mesmo vírus, da família flaviviridae, e pode ser ser transmitida por diferentes mosquitos vetores. Quando ocorre nas matas, a febre amarela é chamada de silvestre e os principais hospedeiros são as diferentes espécies de macacos. Quando picados por fêmea do mosquito passa a transmitir o vírus ao picar as pessoas. O Brasil já teve febre amarela nas cidades, chamada de urbana, em que o vírus é transmitido pela fêmea do Aedes aegypti. mas essa variante urbana é considerada extinta no país desde a década de 1940. Nos dois casos, o ser humano torna-se o hospedeiro, e a doença pode ou não se tornar epidêmica.

O SURTO ATUAL

O surto que teve início no começo de 2017 atinge uma faixa em todo o leste de Minas Gerais e alcança o oeste do Espírito Santo, principalmente, com alguns casos isolados em São Paulo e Bahia. Os primeiros indícios foram os corpos de dezenas de macacos encontrados mortos na mata, próximos a residências e pequenas cidades, sinalizando que o vírus estava se disseminando rapidamente. O número de notificações começou a aumentar, assim como o de vítimas fatais. Até 20 de fevereiro, eram 1.280 casos prováveis notificados, dos quais 274 confirmados em laboratório, 208 mortes, das quais 92 confirmadas para o vírus . Eram 141 cidades afetadas, principalmente entre Minas e o Espírito Santo. É um quadro não registrado desde 1980.

Para fazer frente ao crescimento da doença, o Ministério da Saúde ampliou o número de doses da vacina enviado para as principais regiões atingidas e as campanhas de esclarecimento da população através das mídias.

DOENÇA PERIGOSA

A prevenção à febre amarela é feita com uma dose da vacina injetável, que deve ser aplicada dez dias antes de visitar locais de possível incidência da doença. A imunidade passa a ser para a vida inteira, mas no Brasil a recomendação do Ministério da Saúde é receber duas doses da vacina para maior garantia, e a vacinação é recomendada para praticamente todo o território interior. As exceções são o litoral e grande parte do Nordeste.



A febre amarela tem esse nome por que ao atacar o fígado provoca icterícia, deixando amarelados os olhos e a pele do enfermo. O período de incubação pode ser de três até 15 dias. Os sintomas são bastante variados, o que prejudica o diagnóstico. Nos primeiros três dias de sintomas, ela pode provocar de simples prostração, febre, calafrios, dor de cabeça e muscular, até náusea e vômito. Passado esse período, o enfermo costuma ter súbita melhora, que pode se estender por algumas horas ou até dois dias inteiros, deixando a impressão de que a doença se foi. Mas, se ela retorna, voltam a febre e o vômito, pode haver hemorragias, insuficiência hepática e renal graves, e a morte.


HISTÓRICO NO BRASIL

Antes de ser considerada extinta nas cidades, da década de 1940, a febre amarela urbana foi um dos piores males no país. Acredita-se que tenha sido trazida da América Central, tornou-se endêmica no Rio de Janeiro e foi uma das primeiras doenças a ser combatidas pelo cientista Oswaldo Cruz, que criou um programa de brigadas para matar os mosquitos na cidade, mesmo que fosse necessário invadir as casas, no início dos anos 1900. No período de 1850 a 1902, a antiga capital federal registrara mais de 58 mil mortes atribuídas à doença. O desenvolvimento da vacina e sua chegada ao Brasil erradicou a febre amarela urbana nas cidades na década de 1940.

OUTROS MALES DOS MOSQUITOS
Assim como a febre amarela, o país convive com outras doenças transmitidas por mosquitos.

DENGUE. A dengue é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. Em 2015, a epidemia foi recorde no Brasil, com 1,6 milhão de casos prováveis. Em 2016, outros 1,5 milhão de casos prováveis e 642 mortes confirmadas em laboratório. Os sintomas clássicos incluem febre, dores musculares, de cabeça e atrás dos olhos e prostração. Circulam no Brasil quatro tipos (cepas) de vírus da dengue. A infecção por uma delas não desenvolve no indivíduo imunidade para as demais, e uma segunda contaminação pode provocar a dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença.

ZIKA. A doença também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Os casos prováveis subiram de 23 mil em 2015 para mais de 215 mil em 2016. A zika é assintomática na maior parte dos casos, mas também pode ter sintomas semelhantes aos da dengue. O que mais preocupa, no entanto, é a infecção em gestantes. O vírus provica a morte do feto e aborto, a microcefalia (malformação em que o cérebro do feto não se desenvolve adequadamente na gestação) ou outras complicações neurológicas. Em 2016, houve 2.366 casos confirmados de bebês com microcefalia, com ou sem ligação com o vírus. Mais de 3 mil continuavam sob investigação. 

As doenças infecciosas podem se tornar epidêmicas em cidades cada vez mais populosas

CHIKUNGUNYA. Em agosto de 2016, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou que o país devia se preparar em 2017 para uma epidemia da febre chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti. Em 2014, primeiro ano de registro de contaminação da doença dentro do país, foram notificados 3,6 mil casos prováveis. Este número subiu 3,6 mil casos prováveis. Esse número subiu para 38 mil em 2015, e avançou para 271.824 casos em 2016.

O vírus da chikungunya (CHIKV) foi isolado pela primeira vez nos anos 1950, na África. São quatro cepas de vírus do gênero Alphavírus, transmitidos pelo mosquito Aedes albopictus, além do Aedes aegypti. A doença provoca febre alta, dor muscular e intensa nas articulações, dor de cabeça, manchas vermelhas e conjuntivite. Os sintomas costumam durar de três a dez dias.

A letalidade da chikungunya é rara e menos frequente que a da dengue, porém os infectados podem ter inflamação e dor nas articulações durante meses ou até mesmo para sempre.

FATORES DE PROLIFERAÇÃO

Um dos fatores que contam para a persistência das doenças transmitidas por vetores, como o Aedes aegypti, é a dificuldade de combater o próprio mosquito. Ele se adaptou às áreas urbanas e também se aproveita das condições insatisfatórias de saneamento básico das grandes cidades. Eles levas as pessoas a armazenarem água de forma irregular, o que favorece a proliferação do mosquito, já que ele se reproduz em água parada e aproveita qualquer pequena quantidade de água empoçada.

Segundo o Ministério da Saúde, dois terços dos criadouros estão nas residências, daí a importância das campanhas de conscientização para eliminar possíveis focos, como a água em pratos de vasos de plantas, em pneus, caixas de água descobertas, tanques etc.




DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

As doenças transmissíveis respondem apenas por 17% das mortes no planeta, mas são potencialmente perigosas de tornarem-se epidêmicas em um mundo com cidades cada vez mas densamente habitadas, como é o caso do Brasil. Foi o que ocorreu com o surto epidêmico da gripe suína iniciada no México (2009) e do ebola (2014-2015).

Além das doenças transmitidas por vetores, há também aquelas passadas de um ser humano para outro e, entre elas, são importantes no Brasil as infecções sexualmente transmissíveis, também chamadas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a sífilis e a aids.

DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

Enquanto a sífilis e a aids são infecções de disseminação generalizada nos continentes e recebem atenção dos governos e dos grandes laboratórios de medicamentos, o mesmo não ocorre com as chamadas doenças negligenciadas. São infecções típicas das regiões tropicais e equatoriais, nas quais o clima quente e úmido favorece a proliferação de bactérias e vírus e dos vetores que as transmitem, como mosquitos, morcegos e outros. Além da dengue, da zika e da chikungunya, são exemplos dessas doenças, o ebola, a malária e a leishmaniose.
As regiões do mundo onde essas doenças ocorrem são ocupadas por populações pobres e, por isso, recebem pouca atenção e baixos investimentos dos institutos, laboratórios farmacêuticos e dos governos dos países ricos, que estão em climas temperados e mais frios. Esse cenário está mudando agora, porque essas doenças estão chegando aos países desenvolvidos, devido à intensificação do turismo e transporte de cargas intercontinentais.

Também são negligenciadas as doenças raras - de baixíssima incidência - como a esclerose lateral amiotrófica (ELA), que afeta o sistema nervoso. Isso porque os grandes laboratórios avaliam o baixo consumo do medicamento desenvolvido não compensaria o valor investido nas pesquisas.

CRESCEM NO PAÍS OS CASOS DE SÍFILIS
As notificações dessa doença aumentaram, assim como as de HIV/aids em algumas faixas etárias da população


O Brasil enfrenta um crescimento contínuo de casos de sífilis, uma das mais antigas e graves doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O aumento do número de casos levou o Ministério da Saúde a anunciar, em 2016, um amplo programa para tentar conter o avanço dessa doença.

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e seu risco é particularmente preocupante na gravidez: a bactéria pode provocar malformação cerebral no feto, inclusive a microcefalia. Pode contaminar os olhos do bebê e cegá-lo. Por essa razão, até 2010 eram notificados ao Ministério da Saúde apenas os casos diagnosticados de sífilis nas gestantes e nos bebês. Porém, com o aumento de novos casos em grávidas e bebês, o governo tornou obrigatório notificar também os casos de sífilis em homens e mulheres não gestantes. De 2010 a 2015 foram registrados mais de 169 mil em gestantes.

A infecção produz ínguas duras, também chamadas cancros, na genitália do homem e no interior da vagina. Mas, como essas ínguas não costumam doer, nem mesmo durante a relação sexual, a doença pode passar despercebida e evoluir para estágios mais graves e perigosos. A boa notícia é que a sífilis é facilmente tratável e curável com o antibiótico penicilina.

Embora a sífilis seja também transmitida por transfusão ou contato com sangue contaminado, o surto da doença ocorre principalmente, o surto da doença ocorre principalmente pela prática de sexo sem proteção. Com o avanço no tratamento contra o vírus HIV e a aids, a percepção de que a doença tornou-se menos letal leva muitas pessoas a deixar de usar preservativos. Mas quem deixa de usar camisinha se expõe ao perigo de todas as DSTs, como a sífilis e a aids, que continua sendo uma doença muito grave e sem cura. Apesar de a quantidade total de novos casos de Aids esteja estabilizada no Brasil, entre 2006 e 2015 houve um aumento de novos casos em algumas faixas etárias. As taxas são maiores entre os homens jovens de 15 a 29 anos.


SAIU NA IMPRENSA

SÍFILIS ERA TRATADA SEM QUERER DÉCADAS ATRÁS
por Julio Abramczyk


Nestes últimos anos de liberação de usos e costumes em todas as faixas etárias, tem-se observado um significativo aumento de casos de sífilis em gestantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a sífilis na gestação leva a mais de 300 mil mortes fetais e neonatais por ano no mundo. (...) No Brasil, no ano passado, o Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde declarou um total de 221 óbitos por sífilis em crianças menores de 1 ano de idade. A doença é curável e não dá imunidade após a infecção. O tratamento é a penicilina benzatina, empregada com sucesso há vários anos e que até hoje continua efetiva. (...)
Quando a penicilina foi descoberta, há mais de 50 anos, inicialmente foi muito usada, desnecessariamente, no tratamento de gripes e resfriados pela população. A terapêutica não agia contra os vírus [da gripe], mas curou centenas de portadores de sífilis que, naquele momento, desconheciam ter a doença.

Folha de S. Paulo, 19/11/2016

RESUMO

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

SURTO DE FEBRE AMARELA: Teve início no começo de 2017 e é o maior desde 1980. Trata-se da febre amarela silvestre, típica das matas de quase todo o país. Os macacos são os maiores hospedeiros, e os vetores de transmissão ao ser humano são as fêmeas dos mosquitos das espécies Haemagogus ou Sabethes. A prevenção é feita com vacinação.

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS: São aquelas recebidas de vetores como os mosquitos Aedes aegypti. Males como a dengue, a febre amarela silvestre, o ebola, a malária e a leishmaniose. Podem também ser transmitidas sem vetor, por contato entre as pessoas ou por sangue contaminado, como a aids, a sífilis e outras. As doenças transmissíveis respondem por apenas 17% das mortes no planeta, mas são potencialmente perigosas em quadros epidêmicos nas cidades. Em 2017, além da febre amarela, o Brasil poderá enfrentar quadros epidêmicos de dengue, zika e chikungunya.

DIFICULDADE NO COMBATE: A persistência das doenças transmitidas por vetores como o Aedes aegypti se deve, em parte, à dificuldade de combate ao transmissor. A falta de saneamento básico nas metrópoles brasileiras favorece a proliferação do mosquito, que se reproduz em locais com água parada.

DOENÇAS NEGLIGENCIADAS: São infecções típicas de países pobres e das regiões tropicais e equatoriais, ou aquelas raras, de baixa incidência, que recebem pouca atenção e baixos investimentos em pesquisa nos países ricos. Entre elas estão o ebola, a malária, a zika e a chikungunya.

SURTO DE SÍFILIS: Nos últimos cinco anos, a contaminação por sífilis avançou de forma significativa no país. Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível, que produz ínguas genitais. Em mulheres gestantes provoca malformação fetal, inclusive a microcefalia, e pode cegar o recém-nascido. A prevenção é feita com o uso de preservativo masculino ou feminino, e a cura, com penicilina.


ATUALIDADES: VESTIBULAR E ENEM foi retirado do livro GE - GUIA DO ESTUDANTE: ATUALIDADES: VESTIBULAR + ENEM - 1º semestre de 2017, págs. 160, 161, 162 e 163.

SUGESTÃO

Separamos um vídeo do programa Domingo Espetacular, da Record, que mostra o surto da febre amarela no país. As imagens são do YouTube e o idioma, é o português.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog