ALIMENTAÇÃO


"CIENTISTAS FINLANDESES TRANSFORMAM ELETRICIDADE EM COMIDA"
"Testes ainda possuem baixa produtividade, mas têm missão ousada: acabar com a fome no mundo"


Por: Guilherme Eler

"Água, dióxido de carbono (o popular CO2) e um tipo de bactéria. Só passar uma corrente elétrica que dê conta de misturar tudo e você tem a receita que pode impedir milhões de pessoas de irem dormir com fome. O projeto Food from Electricity, como revela desde o nome, é uma tentativa de pesquisadores finlandeses de produzir comida a partir de energia elétrica. Os resultados, apesar de ainda iniciais, são animadores. A fórmula resulta em um suplemento alimentar rico em nutrientes e, principalmente, produzido a um custo relativamente baixo.
Para que a mágica aconteça, uma fonte de energia limpa (como uma turbina eólica ou painéis solares) fornece a eletricidade que faz um biorreator funcionar. A máquina é capaz de quebrar as moléculas de água (H2O) em hidrogênio e oxigênio.
Enquanto isso, o CO2 disponível no ar é captado e alimenta o reator. Os micróbios que estão dentro de um recipiente recebem, então, uma série de nutrientes essenciais, como nitrogênio, enxofre e fósforo. Isso torna o ambiente perfeito para que eles cresçam e se multipliquem.
A massa que resulta da reprodução das bactérias é drenada, para perder todo o excesso de água. No final, o que sobra é uma farinha bastante nutritiva: 50% é proteína e 25% carboidratos. De acordo com os cientistas, pode-se dar novas texturas ao alimento, alternando os micróbios utilizados como ingredientes. A ideia é que a farinha seja empregada em receitas culinárias para reforçar suas propriedades nutritivas.
Segundo Juha-Pekka Pitkanen, um dos líderes do estudo, o principal desafio é expandir o método para uma escala mais próxima da demanda atual por alimentos. Isso porque, apesar de promissor, o processo ainda é demorado e nada rentável. Um biorreator do tamanho de uma xícara de café leva cerca de duas semanas para produzir uma única grama de proteína.
Por conta disso, as expectativas para que a comida produzida dessa forma ganhe as prateleiras de supermercados por todo o mundo, claro, ainda são conservadoras. 'Talvez 10 anos seja um prazo razoável para que consigamos atingir capacidade comercial, no que se refere à legislação necessária e ao desenvolvimento da tecnologia envolvida no processo', diz Pitkanen, em comunicado oficial.
O fato da técnica ignorar fatores como temperatura, umidade e solo adequados é um respiro ante o cenário de mudanças climáticas. Espera-se que ela se torne uma alternativa barata a lugares com baixa produção de alimentos, diminuindo nossa demanda tão grande da agricultura.
'Na prática, todas as matérias-primas estão disponíveis no ar. No futuro, a tecnologia pode ser empregada, por exemplo, em áreas desérticas ou outras que enfrentam a falta de alimentos. Uma alternativa possível é criar um reator doméstico, que permitiria a quem usa produzir toda a proteína que precisa', defende Pitkanen. Segundo a agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) a fome afeta atualmente 795 milhões de pessoas em todo o mundo."

Notícia retirada do site SUPERINTERESSANTE, 28 de julho de 2017 (Acesso: 28/07/2017)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog