MUNDO ESTRANHO:
PERGUNTAS & RESPOSTAS

A partir de agora, o Conhecimento Cerebral traz em parceria com a revista Mundo Estranho, a série de matérias que despertará ainda mais sua curiosidade, resultando em mais conhecimento para você, chamada de MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS. Para quem não sabe, essa revista traz mensalmente em suas publicações impressas, perguntas, que podem ser sugestão de seus leitores ou escolha dos editores, e a resposta para tal, de um jeito de dinâmico e explicativo. Por isso, resolvemos transformá-la em mais uma série de matérias para o blog. Preparado? Então, embarque você também neste mundo do conhecimento.


COMO É O TRABALHO DOS "COIOTES" NA FRONTEIRA ENTRE EUA E MÉXICO?




Reportagem: Marcelo Testoni
Ilustra: Rainer Petter
Design: Yasmin Ayumi
Edição: Felipe van Deursen


CADA COIOTE NO SEU GALHO
LOCAL 
Atua na América Latina e responde aos líderes, no México
GUIA
Atravessa a fronteira com o imigrante
RECRUTADOR
Alicia possíveis imigrantes ilegais
RAITERO
Leva o imigrante da fronteira à cidade de destino
COBRADOR
Recebe pelo serviço, antes da travessia
ACOMPANHANTE
Viaja todo o percurso junto com o imigrante, caso ele queira
VIAJANTE
Faz o percurso até as casas e fazendas 
FRONTEIRIÇO
Atua de forma independente. Atende mexicanos


1: O trabalho tem etapas bem planejadas e conta com intermediários infiltrados pelas Américas. Por se enquadrar na lei de tráfico de pessoas (com pena prevista de até 40 anos, nos EUA), o esquema é tratado com total descrição. Quem vive fora do México pode estabelecer contato com a quadrilha por telefone, e-mail ou pessoalmente com algum aliciador local

2: O cliente viaja até a Cidade do México. Lá, é recebido no aeroporto e conduzido a um furgão, onde se reúne com outros imigrantes e paga pela travessia, à vista. Se ele quiser ser levado até alguma cidade americana, paga mais outra quantia, após cruzar a fronteira. Quem não paga pode virar refém, ter sua família extorquida ou até ser morto

3: Os coiotes dividem os imigrantes em pequenos grupos e os levam até casas ou abrigos privados, onde eles aguardam até dez dias para serem transferidos. Essa espécie de cárcere privado é estabelecida pelos coiotes para não levantar a suspeita da vizinhança e assegurar que ninguém desista da ideia já na fronteira

4: Após o tempo de cativeiro, os coiotes distribuem os imigrantes em veículos e os transferem a cidades de fronteira. Reynosa, a 1.053 km, é a mais próxima delas. A divisão em grupos é necessária para evitar que a operação inteira fracasse em caso de blitz. Ao chegar a essas cidades, a quadrilha instala as pessoas em fazendas





5: Na hora de partir, carretas passam apanhando todos e os deixam na entrada de trilhas de terra ou à beira de estradas pouco movimentadas. O percurso atravessa deserto e rios e é feito a pé, com os grupos de imigrantes em fila. Eles encaram até cinco dias sob a ameaça de cobras e escorpiões, além de ladrões, sequestradores e estupradores



6: Na fronteira, quem optou por seguir por conta própria segue caminho. Aqueles que pagaram por chegar acompanhados a uma cidade dos EUA passam por outros coiotes, que vivem no país vizinho e os levam de carro. Em geral, esses coiotes têm esquema com a polícia americana. O pagamento dessa etapa é feito no ato, mas não há garantias de que os imigrantes chegarão ao destino final

7: Quem decidiu desbravar os EUA sem os coiotes corre o risco de se perder ao longo de três dias e até 300 km de caminhada para chegar para chegar a cidade escolhida. A travessia geralmente é feita no verão, sob um calor de cerca de 40 ºC. Assim, eles se camuflam mais facilmente entre o maior fluxo de turistas em férias

CONSULTORIA: Alan Markus, professor do Departamento de Geografia e Gestão Ambiental da Universidade Towson (EUA)
FONTES: Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Instituto de Política de Migração dos Estados Unidos, Agência de Fiscalização de Alfândega e Proteção de Fronteira dos Estados Unidos e Federação para a Reforma Imigratória Americana



MUNDO ESTRANHO: PERGUNTAS & RESPOSTAS foi retirado da revista MUNDO ESTRANHO - Edição 208. Maio de 2018. Todos os direitos autorais são reservados exclusivamente à revista MUNDO ESTRANHO e à Editora Abril


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