HISTÓRIA EM PERSPECTIVA:
ESPECIAL 2ª GUERRA MUNDIAL - A GUERRA NA EUROPA E NORTE (1939-1942)

2ª GUERRA MUNDIAL
Campanhas do dia a dia

Nesta nova série de matérias do Conhecimento Cerebral, apresentamos a edição da série de CADERNOS ESPECIAIS, da revista Leituras da História, que tratam das campanhas dia a dia na 2ª Guerra Mundial, com tradução de René Ferri, começa com a grande ofensiva de 1942, na Rússia. O exército alemão vinha aniquilando inimigos e, confiante, partiu para o sul em busca dos campos de petróleo no Cáucaso. No entanto, na sequência da campanha deparou-se com uma resistência inesperada em Stalingrado, quando a contraofensiva soviética esmagou as forças do eixo. 

Por: Chris Bishop e Chris McNab

SEGUINDO PARA O VOLGA
BUSCANDO PETRÓLEO
Um ano depois da invasão da União Soviética, o exército alemão inicia sua grande ofensiva no verão de 1942, certo de que isso daria vitória na guerra


Em 28 de junho de 1942, a grande ofensiva do verão de Wehrmacht foi iniciada com o 4º Exército Panzer do Coronel-General Hermann Hoth abrangendo o norte de Kursk, enquanto o 6º Exército do Coronel-General Friedrich Paulus, que incluía 11 divisões de infantaria e sua própria corporação. Seu primeiro objetivo era Don, mas a cerca de 160 km adiante estava o "prêmio" Stalingrado e o controle sobre o Volga interior e seu tráfego para os centros industriais da Rússia. Dois dias depois, o Grupo do Exército A, sob o comando do Marechal de Campo Wilheim List, rompeu sobre Donets e seguiu em direção a Proletarskaya, ao Cáucaso e aos próprios centros de petróleo: Maikop, Grozny e Baku.


A princípio, parecia que aqueles dias com vitórias fáceis haviam voltado, pois, independente das forças soviéticas encontradas, elas eram eliminadas, quase sempre, com muita facilidade. Pela primeira vez em muitos meses, o terreno favoreceu os alemães, com grandes avanços, centenas de milharais rotativos e estepe, um campo perfeito para os armamentos pesados das regiões de Hoth e Paulus. De fato, para quem visse aqueles quarteirões enormes de Panzers motorizados formando um contorno, com transportes leves e artilharia dentro, teria a impressão de que havia chegado o dia das modernas legiões romanas. Seu avanço era visível a milhas de distância: a fumaça de vilarejos queimados e as nuvens de poeira levantadas pelos veículos pesados avançando pelos campos mostravam o progresso implacável de uma máquina de guerra em perfeito funcionamento.


Os Panzers de Hoth estavam em Voronezh por volta de 5 de julho, criando uma confusão no Exército Vermelho e no STAVKA (alto comando) enquanto eles tentavam ver qual seria o caminho de tal gigantesca ofensiva. O General Nikolai Vatutin se apressou ao formar uma nova "Frente de Voronezh" e obteve tamanho êxito em reunir os remanescentes das divisões do Exército Vermelho derrotadas no norte pelo exército panzer naqueles primeiros dias que o Marechal de Campo Fedor von Bock, comandando o Grupo Sul do Exército, propôs empurrar tanto os Penzers de Hoth como parte da Infantaria de Paulus para a esquerda, enfrentando Vatutin antes de seguirem para o principal objetivo.

OBJETIVO: PETRÓLEO

Uma grande exaltação tomou conta do Alto Comando alemão. Von Bock foi simplesmente dispensado. Paulus estava totalmente confiante do avanço e na captura de Stalingrado, enquanto os Panzers de Hoth, em vez de seguirem as divisões de Paulus, foram em direção ao sudeste, descendo entre os Donets e o Don para 'auxiliar na primeira passagem através do baixo Don'. A esta altura, o petróleo ainda era o principal objetivo, Stalingrado era meramente uma cidade soviética a ser saqueada no caminho e não deveria causar problemas para Wehmacht.
Hitler estava numa alegria intensa como não se via há meses. "A Rússia está acabada!" ele anunciou em 20 de julho. E assim pareceu por mais algumas semanas. Os únicos problemas encontrados ao sul foram o controle de tráfego para os panzers do Coronel-General Ewald von Kleist e de Hoth, que chegaram no Donets cruzando ao mesmo tempo. Houve certo desentendimento, especialmente porque von Kleist não viu a menor necessidade de mudar seus planos ou da apresentação de um comandante Panzer rival ao seu próprio 1º Exército Panzer. Para demonstrar sua virtuosidade, ele acelerou o passo para cruzar o rio, capturou Proletarskaya em 29 de julho e, em 9 de agosto, estava em Maikop, com outra coluna guardando seu flanco esquerdo em Stavropol. Os grandes prêmios Grozny, Batumi e Baku pareciam estar sob controle.
Já para Paulus, as coisas não estavam tão boas assim. O progresso do 6º Exército em direção ao corredor Donets/Don foi um pouco mais problemático para o Panzer Corps (sob o comando do General Gustav von Weitersheim) seguindo lado a lado com o Corps de Hoth. Mas, claro, as 11 divisões de infantaria tiveram problemas maiores, já que em sua maioria estavam a pé. Quando chegaram a Chernyevskaya, do Rio Chir, na curva do Don, eles estavam fisicamente debilitados e apenas a ausência de um bloqueio bem organizado do Exército Vermelho permitiu que eles se aproximassem do grande rio.

RESISTÊNCIA INESPERADA

Independentemente disso, houve um confronto na curva do rio e Paulus ficou mais e mais convencido de que, sem o apoio de Hoth, não seria possível o 6º Exército cruzar o Don com forças suficientes para tomar Stalingrado 'em marcha', que era sua ambição inicial. Como os Panzers de Hoth não estavam fazendo nada além de importunarem Kleist, o OKH (o Exército do Alto Comando, responsável desde dezembro de 1941 pelo controle das operações na Frente Oriental, mas sob controle direto de Hitler) concordou que o Exército Panzer deveria se dirigir ao nordeste e seguir ao longo do banco sul do rio Don. Mas uma resistência inesperada no rio Aksay os atrasou, então, de 10 a 19 de agosto, o exército de Paulus aguardou, com sua artilharia pesada, prontos para o grande ataque.
Era um plano convencional e direto. O 14º Panzer Corps de Wietersheim formaria o flanco ao norte; três divisões Panzer e duas divisões motorizadas de Hoth formariam o flanco sul, enquanto nove divisões da infantaria estariam ao centro. Todos teriam cruzado o Don em 24 horas e, para o deleite de toda a organização do quartel-general alemão entre Stalingrado e Berlim, os Panzers de Wietersheim reportaram que haviam alcançado os bancos do Volga através dos subúrbios ao norte de Stalingrado na tarde de 23 de agosto. Foi apenas uma pequena entrada, mas, como o apoio estava a caminho para fortalecer o avanço, os Panzers de Hoth foram forçando o caminho lentamente e parecia que mais um ataque pesado asseguraria a vitória triunfante.
Na noite de 23 para 24 de agosto, Stalingrado sofreu um ataque aéreo que lembrava o mais pesado dos bombardeios feitos a Londres. A maioria das bombas lançadas era incendiária e tudo o que era de madeira na cidade ardeu em um holocausto tão espetacular quanto a destruição das docas de Londres. Pela manhã, as chamas se erguiam no ar, acres do subúrbio de Stalingrado tinham sido reduzidos a cinzas carbonizadas e ficou evidente para os observadores alemães totalmente satisfeitos que somente as principais fábricas e escritórios de alvenaria permaneceram para a artilharia alemã. Mas durante os próximos dias, algo mais ficaria evidente: a determinação soviética de lutar em cada etapa do caminho.


A matéria acima foi retirada da revista HISTÓRIA EM PERSPECTIVA - nº 89 - Parte integrante de Leituras na História - Ano 9 - Edição 118, págs. 2, 3, 4 e 5.


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