CONHECIMENTO CEREBRAL
CONTEÚDO DESCOMPLICA


PORTUGUÊS

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA - O QUE É?

É com esta citação do professor e gramático Celso Cunha, destacado abaixo, que vamos começar a nossa reflexão sobre variação linguística. Assunto por vezes polêmico, vítima de preconceitos e centro de debates tanto no ensino mais básico quanto nas rodas do ensino superior. Vamos ver do que se trata.


O QUE É A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA?

É o modo pelo qual a língua se diferencia dentro do seu próprio sistema. Esta diferença pode ser histórica, geográfica ou sociocultural. Vemos que a língua não é única, que o sistema linguístico abriga diversos ângulos na realização linguística. Observamos as diferenças na fala que se relacionam à idade, à região do país, à cultura e até mesmo ao estilo. Se prestarmos bastante atenção, perceberemos que a variação acontece nos mais variados segmentos da língua, como fonético, o sintático, o léxico, o semântico etc. Tudo isso também configura a evolução da língua, o seu desenvolvimento e sua adaptação através do tempo e das mudanças sociais.

A área de estudo que busca entender e descrever as diferentes manifestações linguísticas em um mesmo idioma chama-se sociolinguística. O pesquisador dessa área busca verificar entre os falantes de determinadas línguas diferenças nos modos de falar de acordo com quatro níveis:

O NÍVEL DIATÓPICO

Se relaciona com o lugar onde o falante reside, ou seja, a variação diatópica é a variação regional. Um exemplo desse tipo seria a palavra mandioca. Em certas regiões do Brasil a mandioca é chamada de macaxeira ou aipim. Os sotaques também entram nesse tópico, como variação regional. Veja:


O NÍVEL DIAFÁSICO

Relaciona-se com o contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que será determinante para a escolha do modo de falar. Vemos, por exemplo, as diferenças entre um texto escrito e um bate-papo informal entre colegas.

O NÍVEL DIASTRÁTICO

Este acontece devido à convivência entre os grupos sociais. As gírias estão relacionadas a este tipo de variação linguística. Tudo é social e se relaciona com um determinado grupo de pessoas, como por exemplo, os surfistas, funkeiros, jornalistas, etc.


O NÍVEL HISTÓRICO OU DIACRÔNICO

São variações ocorridas em períodos históricos distintos. Por exemplo, a palavra 'embora' dizia-se 'em boa hora' no século XIX, no século seguinte permanece embora e mais atualmente podemos ver a palavra reduzida em forma de 'bora'.

EXERCÍCIOS DE VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

1. (ENEM)

Óia eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo xaxar

Vou mostrar pr'esses cabras
Que eu ainda dou no couro
Isso é um desaforo
Que eu ainda não posso levar
Que eu aqui de novo cantando
Que eu aqui de novo xaxando
Óia eu aqui de novo mostrando
Como se deve xaxar.

Vem cá morena linda
Vestida de chita
Você é a mais bonita
Desse meu lugar
Vai, chama Maria, chama Luzia
Vai, chama Zabé, chama Raque
Diz que eu tou aqui com alegria.

(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em <www.luizluagonzaga.mus.br> Acesso em 5 de maio de 2013)

A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é

a) "Isso é um desaforo"
b) "Diz que eu tou aqui com alegria"
c) "Vou mostrar pr'esses cabras"
d) "Vai, chama Maria, chama Luzia"
e) "Vem cá, morena linda, vestida de chita"

2. (ENEM)

Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!

Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.

(POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 - adaptado)

Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único "português correto". Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber

a) descartar as marcas de informalidade do texto.
b) reservar o emprego da norma padrão aos aspectos de circulação ampla.
c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

GABARITO

1. C
2. D

CONHECIMENTO CEREBRAL CONTEÚDO DESCOMPLICA foi retirado do blog DESCONVERSA, do DESCOMPLICA, 16 de abril de 2018 (Acesso: 11/10/2018)

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