POLÊMICA

"JUSTIÇA DOS EUA PERMITE QUE PAIS GEREM NETO COM ESPERMA DE FILHO FALECIDO"
"Decisão reacendeu debate ético sobre a questão: jovem morreu após sofrer acidente"


"A Justiça norte-americana autorizou os pais de Peter Zhu, que morreu em março deste ano, a utilizarem o esperma do filho para gerarem um neto. O jovem, que tinha 21 anos e era cadete da Academia Militar dos EUA, faleceu após um acidente que ocorreu enquanto esquiava no norte do estado de Nova York.
O rapaz foi encontrado inconsciente e levado ao hospital, onde os médicos declararam que ele havia fraturado a coluna - dias depois foi constata sua morte cerebral. Mantido vivo por auxílio de aparelhos, os pais de Zhu entraram com um pedido na Justiça para extrair o esperma do jovem enquanto ainda possuía sinais vitais - o procedimento foi autorizado.
Por mais que tivesse apenas 21 anos, o cadete desejava ter ao menos três filhos e construir uma família, de acordo com os relatos da família no tribunal de justiça. "[Queremos] preservar a possibilidade do uso do esperma de Peter no futuro para realizar postumamente seu sonho de filhos e continuar a linhagem da família", relataram os parentes à CNN."

"QUESTÃO ÉTICA"

"A resolução da justiça gerou um debate ético em torno da questão, principalmente porque Zhu não deixou nenhum tipo de testamento em que autoriza o uso de seu material genético após sua morte. Para o juiz da Suprema Corte de Nova York, John Colangelo, o jovem ter evidenciado tantas vezes o desejo de ser pai "presume intenção" de ter filhos, logo ele optou por autorizar a utilização do esperma pela família.
No entanto, o juiz observou em sua decisão que os pais podem ter "certos obstáculos" à medida que avançam, como profissionais médicos que não estão dispostos a concluir o procedimento, ou dificuldades para encontrar uma mulher que se disponha a gerar o bebê.
Como explicou o professor de bioética e chefe da divisão de ética médica da Escola de Medicina da Universidade de Nova York ao The Washington Post, esse caso é "um atoleiro ético". Isso porque não há sistema definido para perguntar às pessoas o que elas querem com o seu material genético após sua morte.
Caplan disse que existem muitas outras considerações éticas além do "desejo de ter filhos", particularmente sobre o que é do interesse da criança - o pai falecido queria que a criança fosse criada usando um substituto? Será que esse pai queria que o filho fosse criado por seus avós ou por alguém que não fosse o pai verdadeiro? Quando e como esse pai queria que a criança fosse informada da verdade?"

Matéria retirada do site GALILEU, 24 de maio de 2019 (Acesso: 26/05/2019)

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