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"ENERGIA NUCLEAR: SEGURANÇA EM DEBATE"
"Acidente na usina nuclear de Fukushima, no Japão, reacende debate sobre vantagens e riscos da energia atômica"


Por: Yoshikazu Tsuno/ AFP

"O vazamento de radiação da usina de Fukushima, provocado pelo violento terremoto que atingiu o Japão em março de 2011, trouxe novamente à discussão os riscos inerentes ao uso de energia nuclear. Por causa do acidente, que recebeu classificação 5 em uma escala que vai de 0 a 7, a população teve de ser removida de sua casa em um raio de 20 quilômetros das instalações nucleares. Vestígios de radiação foram encontrados em alimentos e na água, prejudicando, também, as exportações japonesas. Segundo o governo japonês, o custo da limpeza das áreas afetadas pela radioatividade pode chegar a 2 bilhões de dólares. A nuvem de radioatividade venceu 10 mil quilômetros até a Europa Ocidental. E, poucas semanas depois, a União Europeia anunciava uma auditoria em suas usinas."

"VANTAGENS E RISCOS"

"Os questionamentos sobre a segurança no uso de energia nuclear para a geração de energia existem desde a implantação das primeiras usinas, na década de 1950, na extinta União Soviética e nos Estados Unidos. Uma das vantagens desse sistema é que grande quantidade de energia pode ser gerada com uma pequena porção de material radioativo. As usinas nucleares também ganharam pontos, por ser uma fonte de energia limpa. Além de tudo, a energia nuclear é barata, se comparada com aquela conseguida com petróleo e gás natural.

Por outro lado, ambientalistas dizem que os riscos não compensam os benefícios. Em primeiro lugar, porque ainda não foram desenvolvidas formas definitivamente eficazes e economicamente viáveis de descartar ou reutilizar os resíduos radioativos produzidos pelas usinas. Em segundo, o conceito de que a produção de energia nuclear é livre de emissões de gases de efeito estufa pode não ser a verdade absoluta. Segundo organizações como o Greenpeace, embora os reatores não emitam carbono, a construção de usinas, a extração do minério e o descarte do lixo radioativo provocam mais emissões que outras fontes de energia. Em terceiro lugar - e a mais pesada das razões -, as usinas trazem grande risco à população e ao meio ambiente em caso de acidente, com a contaminação da água, do solo e do ar. Entre os problemas causados pela exposição humana e animal a material radioativo estão o câncer, má-formação fetal, aborto, falência do sistema nervoso central e síndrome gastrointestinal.

Apesar de durar décadas, o debate sobre a falta de segurança das usinas nucleares não impediu sua disseminação, em especial nos países carecem de outras fontes de energia. Conforme um relatório da Eletrobrás, existam no mundo, em junho de 2011, 440 reatores nucleares em operação. Do total de reatores, 104 estão nos Estados Unidos, 58 na França e 50 no Japão. Esses três países são responsáveis por 59% da geração desse tipo de energia no mundo. Os 440 reatores são responsáveis por 13,4% da eletricidade produzida no planeta."


"ACIDENTES"

"Os acidentes levaram nações a frear os investimentos nessa tecnologia. Os Estados Unidos interromperam a construção de novos reatores em 1979, depois do incidente na usina Three Mile Island. Embora não tenha havido vazamento de radiação para o exterior, as autoridades evacuaram parcialmente o entorno da usina, e o incidente deixou a população alarmada. Mas o pior acidente nuclear da história aconteceu em Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Uma explosão violenta destruiu o teto da usina e provocou um incêndio que durou dez dias. Como resultado imediato, 31 pessoas morreram, 1 milhão de habitantes foram retirados da área atingida e o meio ambiente da região foi extremamente danificado. No decorrer dos anos seguintes, foram registradas centenas de casos de doenças causados pela exposição à radiação, que persistem até hoje. Quase 30 anos depois, a cobertura provisória construída sobre o reator danificado jamais foi refeita. E falta dinheiro ao governo da Ucrânia para completar as obras do sarcófago de aço e concreto que deverá selar o reator definitivamente.

É o temor de desastres desse peso que voltou à cena com o acidente de Fukushima. Ainda em março, a União Europeia anunciou uma faxina nas usinas de seus países-membros. E a Alemanha decidiu antecipar o fechamento de todas as usinas nucleares do país de 2036 para 2022. Como quase um quarto da eletricidade do país vem dessas usinas, a Alemanha tem de importar eletricidade principalmente da França e da República Tcheca, que ainda utilizam reatores nucleares. Se decidir fechar suas usinas nucleares, a França terá um problema ainda maior: a energia nuclear representa mais de três quartos do total da eletricidade gerada naquele país."

"USINAS BRASILEIRAS"

"A energia nuclear chegou ao Brasil na década de 1970, com a usina Angra 1. Mas, sem uma política efetiva para o setor, o país perdeu dinheiro e tempo. Angra 1 deveria ter sua produção em 1977, mas isso só ocorreu em 1985. Angra 2 começou a funcionar em 2001, mais de 20 anos após o início de sua construção. E Angra 3, cujas obras foram iniciadas há mais de 30 anos e deve passar a operar em 2015, enfrenta problemas para obter o licenciamento ambiental.

De acordo com dados da Empresa de Pesquisas Energética (EPE), o Brasil deverá construir pelo menos mais quatro usinas nucleares até 2030. Os ambientalistas, de novo, criticam: apenas com o investimento usado para finalizar a construção de Angra 3 seria possível construir um parque eólico com o dobro da capacidade e com muito menos risco que os reatores. Além disso, alegam os críticos, o país não tem planos eficientes para proteger e evacuar a população, no caso de acidentes."

Matéria publicada em janeiro/2012

Você pode ler mais sobre o assunto na matéria: ENERGIA LIMPA É UMA UTOPIA. Clique sobre a palavra destacada e você será direcionado para a página da publicação.

Informações retiradas do site ALMANAQUE ABRIL (Acesso: 20/08/2015)

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