CONHECIMENTO CEREBRAL DESTACA CONFLITO INTERNACIONAL!

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A seguinte matéria é de autoria do colunista Duda Teixeira, publicada na semana passada pela revista Veja. Portanto, todas as informações abaixo pertencem exclusivamente aos seus autores, e não devem ser copiadas sem a divulgação de seus nomes.

"NÃO DÁ PARA VOLTAR"
"Fugindo de países conflagrados como a Síria, o Afeganistão e o Sudão, migrantes arriscam a vida para entrar no Eurotúnel e trabalhar clandestinamente na Inglaterra."


"Com uma obra gigantesca de 50 quilômetros estendendo-se por baixo do Canal da Mancha e ligando Inglaterra e França, o Eurotúnel foi celebrado em sua inauguração, em 1994, como um laço de união entre os povos. Produtores franceses comemoraram o acesso rápido aos supermercados dos ingleses, os quais começaram a fazer uso interno dessa facilidade nas viagens de lazer. Na semana passada, bem nas férias escolares do Hemisfério Norte, os passageiros e usuários do Eurotúnel escutaram um aviso inédito e surpreendente. A operação estava suspensa devido a uma 'atividade migrante intensa'.
Na ponta francesa do túnel, onde fica a cidade de Calais, milhares tentavam ingressar clandestinamente nos caminhões e carros que faziam fila para subir nos vagões em direção à Inglaterra. Oriundos de países para os quais é quase impossível retornar, como Síria, Eritreia, Somália, Afeganistão e Sudão, eles estavam dispostos a assumir qualquer risco para tentar uma nova vida no país que escolheram. Quebravam com pés de cabra os cadeados das portas traseiras do baú de caminhões para se esconder com a carga. Outros subiam nas carrocerias ou se acomodavam na parte de baixo, entre os eixos. Motoristas que buzinavam para avisar os colegas eram ameaçados com punhos fechados e xingamentos. Passageiros de veículos de passeio foram orientados a manter os vidros fechados para não ser incomodados. Armados com cassetete, gás lacrimogênio e spray de pimenta, guardas perseguiam os invasores abrindo as carrocerias ou correndo pelo acostamento. Em alguns momentos, os uniformizados ficavam completamente sem ação, atônicos. Como os migrantes sabiam que estavam em número muito maior, combinavam de entrar nas zonas proibidas todos ao mesmo tempo.
O caos ganhou contornos mais preocupantes com a morte de dez migrantes no Eurotúnel desde o início de junho. Na semana passada, um jovem sudanês, aparentando ter entre 25 e 30 anos, morreu atropelado por um caminhão. Um egípcio foi eletrocutado quando tentava pular do teto de um trem para o outro."


"Ainda que infiltrações aconteçam desde a criação do túnel, na década de 90, o movimento anormal das últimas semanas é um reflexo tardio das onda migratória que se elevou em 2011. As manifestações contra ditaduras no norte da África e no Oriente Médio depuseram alguns chefes autoritários, mas não instalaram regimes estáveis no lugar. O vácuo de poder ainda deu espaço para que grupos terroristas, como o Estado Islâmico, ganhassem território. Outro ponto fundamental para explicar a crise é a situação da Líbia. Fragmentado desde a queda de Muamar Kadafi, o país tornou-se um porto de embarque de pessoas das mais variadas nacionalidades, que pagam para ser transportadas por barcos através do Mar Mediterrâneo. Ao descer na Itália, na Espanha ou na Grécia, a maioria se prepara para continuar a viagem rumo ao norte da Europa, onde imagina que as condições de vida são melhores e há mais benefícios. Essa esperança ajuda a explicar por que muitos, mesmo já na França, ainda querem cruzar o Canal da Mancha. 'Além disso, vários deles possuem parentes trabalhando na Inglaterra, falam inglês ou querem aprender a língua', diz a socióloga inglesa Bridget Anderson, especialista em migração na Universidade de Oxford. Como não há uma previsão de melhora nos países conturbados da áfrica e do Oriente Médio, o fluxo para o norte da Europa deve aumentar, assim como o contorcionismo para assimilar culturas tão diversas. Ainda que as mortes no Eurotúnel chamem atenção, o problema é a fração das migrações em geral. Cerca de 86% dos que fogem de países conflagrados permanecem em nações em desenvolvimento. 'As dificuldades legais fazem com que a Europa receba poucas pessoas. Esses milhares tentando entrar na Inglaterra representam uma fração dos que estão no Líbano, na Jordânia e na Turquia', diz o italiano Eugenio Ambrosi, diretor da Organização Internacional de Migração para a União Europeia."


A matéria acima foi retirada da revista Veja, edição 2 437 - ano 48 - nº 31, págs. 76 e 77. 05 de agosto de 2015. Todos os direitos são reservados exclusivamente a Veja e a Editora Abril.


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