CONHECIMENTO CEREBRAL CONTEÚDO ALMANAQUE ABRIL

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"À SOMBRA DAS ARMAS NUCLEARES"
"A possibilidade de usar armas atômicas em conflitos continua a causar tensão nas relações internacionais"
 


Por: Ruzebh Jadidoleslam/AP

"Em 8 de junho de 2011, o Irã anunciou que iria transferir sua produção de urânio altamente enriquecido para instalações subterrâneas e que a produção iria triplicar de agora em diante. O país refere-se ao urânio enriquecido a 20%, o que permite seu uso para aplicações médicas e também como combustível para submarinos nucleares.
 
Até então, o Irã realizava na usina Natanz, considerada mais vulnerável a algum eventual ataque externo. Agora, transfere-se para a de Fordow, muito mais protegida por ser subterrânea. O anúncio foi considerado uma resposta de força à pressão dos países ocidentais e da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o programa nuclear do Irã. O país, porém, afirmou que a transferência deve ocorrer 'sob fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)'.
 
Imediatamente, países como Estados Unidos (EUA) e França reagiram. Os franceses disseram que era uma 'provocação'. O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que poderá haver novas sansões contra o país. O braço de ferro já ocorre há anos, e nada indica uma solução no horizonte.
 
O fato é que - mais de seis décadas após a explosão das bombas atômicas fabricadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, matando mais de 100 mil pessoas - o uso da energia nuclear (para fins pacíficos e bélicos) permanece como uma das questões mais sérias e delicadas no cenário internacional. Mesmo após o fim da Guerra Fria (1949 - 1991), época em que os blocos capitalista e comunista se ameaçavam com arsenais atômicos, a ameaça de uso de armamentos nucleares ainda paira sobre a humanidade."
 
TRATADO DE NÃO PROLIFERAÇÃO
 
"As tentativas diplomáticas de regulamentar o desenvolvimento e o uso de tecnologia nuclear tivera, início durante a Guerra Fria. Em 1970, entrou em vigor o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), com base em acordo de 1968, assinado atualmente por 189 nações. Pelo TNP, os países divididos em dois blocos: o dos cinco Estados que explodiram alguma bomba atômica antes de 1° de janeiro de 1967 - Estados Unidos, União Soviética (sucedida pela Rússia), China, Reino Unido e França -, que podem manter seus arsenais e desenvolver suas pesquisas na área, desde que não repassem tecnologia a outras nações; o dos demais países, que se comprometem a não desenvolver armas atômicas.
 
Essa divisão tem por base a situação - geopolítica mundial ao término da II Guerra Mundial (1939-1945). Os países do primeiro bloco foram os vencedores da guerra e, não por acaso, são também os membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da ONU. O TNP permite que todos os países desenvolvam tecnologia nuclear para fins pacíficos, desde que sujeitem a inspeções da AIEA. Se o órgão contata que algum Estado desrespeita o tratado, o caso é encaminhado ao CS, que toma medidas, como a imposição de sanções - nos últimos anos, o Irão já sofreu várias.
 
Esse dispositivo de controle passa pelo temor de uma eventual guerra nuclear. Mas há um aspecto econômico: o enriquecimento de urânio é uma atividade comercial que envolve o uso de energia nuclear na medicina, na engenharia e, principalmente, na geração de energia, um dos principais negócios internacionais no mundo contemporâneo."
 

 

PROTOCOLO ADICIONAL
 
"O TNP estipula desde o início que as condições das visitas de inspeção são negociadas de comum acordo com os países. O principal objetivo é verificar que o urânio não está sendo enriquecido para fabricar bombas. Isso porque o processo de enriquecimento de urânio é gradativo: se você tem a tecnologia para enriquecê-lo, pode fazer isso para fins pacíficos (de 3% a 20% de enriquecimento) ou bélicos (mais de 90%). Os técnicos averiguam o urânio, medem seu grau de enriquecimento, mas muitas vezes não têm autorização para olhar o funcionamento das centrífugas que enriquecem o material, pois pode haver segredo industrial, como é o caso do Brasil.
 
Entretanto, em 1997, a AIEA aprovou um protocolo adicional ao TNP, dando poderes de investigação aos inspetores para vistoriar as instalações nucleares e suas máquinas sem aviso prévio aos governos, sem negociação de condições, e até mesmo locais não diretamente ligados à indústria nuclear. O objetivo seria detectar atividades irregulares que tenham sido mantidas em sigilo. Acontece que as regras só são válidas para os países que  ratificarem o protocolo adicional. Também não se aplicam às cinco potências nucleares, que são livres de inspeção.
 
Apesar de signatárias do TNP, nações como o Brasil e o Irã, já dominam a tecnologia de enriquecimento de urânio, até agora não aderiram ao protocolo adicional, pois consideram que ele restringe e invade sua soberania nacional. Muitos cientistas da área nuclear dizem que ele busca de fato impedir a disseminação da tecnologia de enriquecimento do urânio, um proveito das nações que já detém o controle do processo nuclear - para fins bélicos e também econômicos.
 
Um motivo de tensão particular são os países que não aderem ao TNP e possuem armas nucleares: Índia, Paquistão e Israel. Os dois primeiros, países vizinhos do sul da Ásia, travam uma disputa de décadas pela posse da região da Caxemira e mantém arsenais nucleares como ameaça mútua permanente. Apesar disso, recentemente, os EUA fizeram um acordo de colaboração nuclear com a Índia, pelo qual voltam a vender ao país combustível nuclear e componentes de reator. A Índia prometeu separar seu programa nuclear civil do militar, abrindo as instalações civis às inspeções da AIEA. O acordo foi criticado, pois, se o programa militar é secreto, a inspeção no resto torna-se inócua. Em 2010, por seu lado, o Paquistão (único país islâmico comprovadamente nuclear) anunciou um acordo com a China para a construção de dois reatores nucleares destinados à energia nuclear.
 
Israel é considerado internacionalmente um país com arsenal atômico, embora não confirme nem desminta a informação. Isso dá a dimensão da tensão nuclear com o Irã, pois hoje os governos dos dois países são antagônicos e vivem em constante conflito no Oriente Médio.
 
O Irã reclama pelo fato de ser pressionado e hostilizado, mesmo fazendo parte do TNP, enquanto Israel não é signatário do tratado, dispõe de armas nucleares e não sofre pressões internacionais por isso."
 
 
O PROGRAMA DO IRÃ
 
"O programa nuclear iraniano data dos anos 1970, ainda durante o regime do xá Reza Pahlevi, quando o país era um dos mais próximos aliados dos EUA na região. Com a Revolução Industrial. em 1979, a situação mudou radicalmente: começaram as pressões internacionais contra o Irã. O governo islâmico anunciou, em 1982, a criação de um centro de tecnologia nuclear em Isfahan. O país justifica as pesquisas na área pela necessidade de diversificar suas fontes de energia. O atual presidente, Mahmoud Ahmadinejah, releito em 2009 e considerado radical, afirma que o Irã tem o 'direito inalienável' de produzir energia nuclear, e por isso enriquece urânio.
 
Mas, por sua ação internacional contrária à existência do Estado de Israel, de apoio a grupos fundamentalistas islâmicos, como o palestino Hamas e o libanês Hezbollah, o Irã é tratado com desconfiança pelos países ocidentais, que consideram provável que os iranianos estejam fazendo pesquisas para produzir armas atômicas. Vem daí a pressão para que paralise suas atividades na área, adira ao protocolo adicional e abra totalmente o país para as inspeções da AIEA.
 
A negativa do Irã em parar seu programa nuclear levou a ONU a aprovar quatro pacotes de sanções contra o país - em 2006, 2007, 2008 e 2010. Entra as medidas adotadas estão a proibição do país de importar armas e o veto a negociações com o Irã - estimuladas pela posse de Obama, em 2009, e também as recentes tentadas pelos governos do Brasil e da Turquia -, e as sanções não parecem surtir muito efeito, a tensão geopolítica permanece."
 
COREIA DO NORTE
 
"Outro foco de dor de cabeça no campo atômico é a Coreia do Norte. Pequeno país comunista no leste da Ásia, às voltas com grandes dificuldades econômicas, a Coreia do Norte começou a desenvolver seu programa nuclear ainda nos anos 1950. Era, porém, aderente ao TNP. Em 2003, retirou-se do tratado e anunciou, dois anos depois, que possuía a bomba atômica. Desde então, houve negociações entre a Coreia do Norte, seus vizinhos Coreia do Sul, China, Japão e Rússia, e os EUA, com o objetivo de suspender o programa nuclear do país, sem sucesso até agora.
 
Em 2006, ignorando apelos internacionais, a Coreia do Norte explodiu sua primeira bomba atômica, no subsolo, e, em 2009, fez novo teste nuclear subterrâneo. Analistas acreditam que, com isso, o ditador Kim Jong II tenta aumentar o poder de barganha para obter concessões econômicas dos EUA. Em resposta, a ONU aprovou sanções econômicas e militares contra o país, mas o perigo permanece.
 
Num constante jogo de avanço e recuo, o país foi acusado, em outubro de 2010, de reiniciar as atividades no complexo de Yongbyon. Em novembro, mostrou a um cientista nuclear norte-americano uma nova instalação construída rápida e secretamente para o enriquecimento de urânio. A revelação pode ser parte de uma estratégia de negociação ou um sinal de que, apesar das sanções da ONU, o país planeja acelerar seu programa de armas."
 
SAIU NA IMPRENSA:
 
O MUNDO OLHAVA PARA O IRÃ; ENQUANTO ISSO, NA COREIA...
 
"A inteligência militar e as agências de informações ocidentais estavam cheias de receios, olhando para o risco de um Irã atômico, enquanto o perigo vinha sendo construído do outro lado, na Coreia do Norte, sem despertar muita atenção. A central apresentada ao respeitado especialista americano Siegfried Hecker (...) era desconhecida até agora.
 
O cientista destacou a qualidade das instalações dedicadas ao enriquecimento de urânio - e não ao processamento do plutônio, mais fácil de ser detectado e com maior probabilidade de falha. Fica evidente que Pyongyand quer expandir a possibilidade de construir armas mais poderosas que os artefatos tecnologicamente toscos testados em 2006.
 
A Coreia do Norte também resolveu o problema do veículo lançador. Tem mais de 1.000 mísseis estocados, sendo 800 deles balísticos. Vende esses equipamentos, e a tecnologia, para diversos países, entre eles o visado Irã. (...)"
 
O Estado de S. Paulo, 22/11/2010
 
RESUMO
 
TNP: O Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) visa a evitar que qualquer país, exceto os Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, mantenha armas atômicas. Pelo TNP, as nações podem desenvolver tecnologia nuclear com fins pacíficos, sob o controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tem a função de fiscalizar as atividades dos países, para ter certeza de que o uso da energia atômica é apenas para fins pacíficos.
 
Protocolo Adicional: Em 1997, foi elaborado um protocolo ao TNP que dá plenos poderes aos inspetores, dispensando as negociações sobre as condições de inspeção em cada país. As regras só são válidas para os países que assinarem o protocolo. As cinco potências nucleares são livres de inspeção. O Brasil, assim como o Irã, integra o TNP, mas não ratificou esse protocolo, pois afirma que limita sua soberania.
 
Fora do Tratado: Coreia do Norte, índia, Paquistão e Israel são países dotados de armas atômicas que não fazem parte do TNP.
 
Irã: Os EUA e demais potências ocidentais pressionam o país a interromper seu programa de enriquecimento de urânio. O governo iraniano afirma que a atividade nuclear tem fins pacíficos, mas é acusado pelas potências de planejar a construção de bombas atômicas. Em razão disso, o Conselho de Segurança da ONU já aprovou quatro rodadas de sanções contra o Irã, que mantém seu programa nuclear.
 
Coreia do Norte: Tendo se retirado do TNP em 2003, o regime norte-coreano fez dois testes subterrâneos com bombas atômicas na última década. Desde então, sofre forte pressão internacional, e até sanções das Nações Unidas, para interromper seu programa nuclear. Talvez como uma estratégia de negociação econômica com os Estados Unidos, a Coreia do Norte tem dado provas de que está acelerando seu programa nuclear e construindo um arsenal."
 
Informações retiradas do site ALMANAQUE ABRIL (Acesso: 17/09/2015)
 







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