MEIO AMBIENTE


"2015 FOI O ANO MAIS QUENTE DESDE 1880"
"Entre os 'culpados' estão o El Niño, que ainda acontece, a emissão de gases-estufa, o desmatamento e a urbanização"


Por: Gabriel Alves
       DE SÃO PAULO

"2014 era o mais quente até então, e é possível que haja uma sucessiva quebra de recordes nas próximas décadas.
As expectativas se confirmaram e 2015 foi o ano mais quente já registrado.
Antes, 2014 ocupava liderança. Dos 16 anos mais quentes desde 1880 (quando começaram os registros), o mais antigo é 1998 - os outros 15 são do século 21.
Os dados são da Noaa (agência americana responsável pelos oceanos e atmosfera).
Em climatologia, usa-se o termo 'anomalia' para indicar uma mudança climática em relação ao referencial - no caso, a temperatura média global do século 20 (13,9 ºC). No ano passado, essa anomalia, ou seja, o aumento em relação à temperatura média global - em terra e nos oceanos - foi de 0,9 ºC.
Já em outubro, sabia-se que seria difícil alguém tirar a 'taça' das mãos de 2015. Ao longo do ano, houve uma sucessão de quebra de recordes: houve o setembro mais quente, o fevereiro mais quente... E o último mês do ano foi também o mais quente de todos, desde 1880.
Um dos principais responsáveis pelo novo recorde é o El Niño, fenômeno natural e cíclico decorrente de um aquecimento das águas do Pacífico e que bagunça o clima em várias partes do mundo, inclusive provocando temperaturas altíssimas.
O El Niño de 2015 (que ainda não acabou) está entre os três mais fortes já registrados, junto aos de 1982 e 1997.
Outro culpado, segundo os cientistas, é o aquecimento global provocado pela ação humana - por meio de desflorestamento e emissão de gases-estufa, por exemplo."




"FUTUROLOGIA"

"A tendência natural da curva é continuar apontando para cima, e é possível que 2016 também seja um ano recorde de temperatura, diz o climatologista da UFPR Alice Grimm. Um agravante, segundo ela, são as ilhas de calor, provocadas e intensificadas pela crescente urbanização.
Para frear o aumento, seria necessário que o chamado Acordo de Paris (que busca limitar o aquecimento global ao máximo de 1,5 ºC em relação à era pré-industrial) funcionasse e que houvesse uma renovação das matrizes energéticas, favorecendo a eólica e a  fotovoltaica (solar), diz Tercio Ambrizzi, climatologista e professor da USP.
Mesmo com todo o empenho planetário em reverter o quadro, Ambrizzi não descarta novos recordes. 'Mas é certo que as ações humanas podem mitigar esse aquecimento', afirma.
Para Paulo Artaxo, professor da USP e membro do IPCC (Painel Internacional de Mudanças Climáticas da ONU), a sorte já foi lançada. 'É um processo que já está ocorrendo e se intensificando. Nas próximas décadas, vamos ter de lidar com climas quentes, precipitações intensas e estiagem prolongada, como a que afetou São Paulo nos últimos dois anos. A instabilidade climática vai continuar'."


Notícia retirada do jornal FOLHA DE S. PAULO - EDIÇÃO DIGITAL - Ano 95 - nº 31.704, pág. B6. Ciência+Saúde. 21 de janeiro de 2016, quinta-feira (Acesso: 21/01/2016)

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