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PRESERVAR A HISTÓRIA


É lamentável a intenção da Prefeitura de Ribeirão Pires de pôr abaixo o imóvel onde funcionou a antiga Fábrica de Sal, no Centro Alto. Trata-se de prédio com enorme potencial histórico e cultural, que guarda informações importantes sobre os primórdios do desenvolvimento industrial não só do Grande ABC, mas do Estado de São Paulo como um todo. Deve, portanto, ser conservado em pé. Destruí-lo, como pretende, o governo Saulo Benevides (PMDB), é agredir a memória coletiva regional e paulista.

O assunto se torna ainda mais absurdo quando se sabe que a ideia do município é utilizar o terreno para construir shopping ou condomínio residencial. Ninguém quer frear o desenvolvimento de Ribeirão Pires, mas destruir patrimônio histórico não é avançar no tempo. Pelo contrário. É regredir. Que sociedade pode realmente progredir atropelando a própria história? Difícil compreender a lógica por trás da decisão da Prefeitura de demolidor o imóvel.

A proposta chega ainda em momento bastante inoportuno, pois o Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico  e Turístico), órgão estadual, analisa pleito para trombamento do empreendimento. Ribeirão deveria, no mínimo, respeitar a tramitação do pedido, sob risco de cometer irreversível atentado à memória ribeirão-pirense.

Representantes da administração, pelo que se vê, estão convencidos da necessidade de se derrubar a Fábrica de Sal. A declaração do secretário de Comunicação, Thiago Quirino, de que o imóvel está condenado e o prédio não tem mais utilidade é de boçalidade assustadora. Imagine o futuro do Coliseu, se os italianos pensassem assim. Ou da Acrópole, a cidadela aos pés da qual nasceu a democracia, se essa fosse a filosofia dos gregos. Ou de Machu Picchu, a cidade sagrada dos Incas, caso os peruanos tivessem mentalidade similar. Melhor nem pensar.

À sociedade, resta pressionar os vereadores, que precisam dar aval, para que não aprovem o pedido do governo para destruir parte da história. Se nada for feito, só restarão lembranças.


EDITORIAL retirado do jornal DIÁRIO DO GRANDE ABC, 28 de janeiro de 2016

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