GRAMÁTICA: O PORTUGUÊS DIFERENTE DA FALA


Você sabe o que significa a palavra Gramática? Segundo o dicionário da Língua Portuguesa MICHAELIS, é o estudo dos elementos de uma língua (sons, formas, palavras, construções e recursos expressivos); ou seja, a Gramática nada mais é do que compreender as regras que compõe a estruturação do idioma falado, no nosso caso, é a Língua Portuguesa. Nesta nova série de estudo chamada GRAMÁTICA: O PORTUGUÊS DIFERENTE DA FALA, iremos aprender que a escrita é muito diferente do modo como falamos, e saberemos o por que isso acontece. Convido-os agora, a aventurar-se na complexidade de um idioma chamado português, que é a quinta língua mais falada no hemisfério, tendo nove países utilizando-a como idioma oficial.


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: POR QUE SÃO TÃO IMPORTANTES?


Uma das principais exigências da maioria de provas, incluindo vestibulares e concursos, é o candidato compreender e interpretar diversos fragmentos textuais. No entanto, muitos não sabem fazê-lo da forma correta. Por isso, separamos uma matéria exclusiva e completa sobre o assunto. Por isso, convidamos você a saber mais sobre a COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: POR QUE SÃO TÃO IMPORTANTES? Para responder esta pergunta, convido-os a acompanhar detalhadamente toda a explicação abaixo. Então, vamos lá!

1. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO:

  • O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decompô-lo (ou seja, separar seus fragmentos ou frases, em partes na qual a compreensão seja feita mais facilmente. Esta fragmentação só será possível, depois de reler o texto novamente), após uma primeira leitura, em suas "ideias básicas ou ideias de núcleo", ou seja, um trabalho analítico buscando os conceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação fará com que o significado do texto "salte aos olhos" do leitor. Ler é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretação dos símbolos gráficos, de códigos, requer que o indivíduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.

A leitura é tão importante que, diferentemente do que muitos conhecem, existem estágios da mesma, que são divididos por níveis sequenciais. Geralmente, sua composição vai do primeiro nível, que nada mais é do que o primeiro contato que o leitor faz sobre o texto, conhecendo-o de forma incompleta, já que alguns textos, principalmente a interpretação textual, exigem que o mesmo chegue ao estágio final da leitura, ou seja, ao quarto nível, onde o leitor conseguirá sanar qualquer dúvida a respeito do texto lido, e consequentemente, interpretará-o da forma adequada, conseguindo assim, responder à qualquer questão relacionado ao conteúdo lido. No entanto, não é necessário pelo menos, neste primeiro momento, que você saiba detalhadamente sobre cada estágio de leitura. Neste caso específico, basta que você conheça Os Dez Mandamentos para Análise de Textos, que vem a seguir.

2. OS DEZ MANDAMENTOS PARA ANÁLISE DE TEXTOS:

  1. Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para observar como o texto está articulado; desenvolvido.
  2. Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma conclusão ou, ainda, uma falsa oposição.
  3. Sublinhar, em cada parágrafo, a ideia mais importante (tópico frasal).
  4. Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do que foi pedido.
  5. Sublinhar palavras com: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento de responder à questão.
  6. Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a ideia mais importante contida neles.
  7. Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu.
  8. Se o enunciado mencionar tema ou ideia principal, deve-se examinar com atenção a introdução e/ ou a conclusão.
  9. Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento.
  10. Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.). 
3. COMPREENSÃO (OU INTELECÇÃO) E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

Compreensão ou intelecção de texto - consiste em analisar o que realmente está escrito, ou seja, coletar dados do texto. O enunciado normalmente assim se apresenta:


Interpretação de texto - consiste em saber o que se infere (conclui) do que está escrito. O enunciado normalmente é encontrado da seguinte maneira:


3. TRÊS ERROS CAPITAIS NA ANÁLISE DE TEXTOS:

1. Extrapolação
É o fato de se fugir do texto. Ocorre quando se interpreta o que não está escrito. Muitas vezes são fatos reais, mas que não estão expressos no texto. Deve-se ater somente ao que está relatado.

2. Redução
É o fato de se valorizar uma parte do contexto, deixando de lado a sua totalidade. Deixa-se de considerar o texto com um todo para se ater apenas à parte dele.

3. Contradição
É o fato de se entender justamente o contrário do que está escrito. É bom que se tome cuidado com algumas palavras, como: "pode"; "deve"; "não"; "verbo"; "ser"; etc.

4. LINGUÍSTICA TEXTUAL:

Para não ser ludibriado pela articulação do contexto, é necessário que se esteja atento à coesão e à coerência textuais.

Coesão textual é o que permite a ligação entre as diversas partes de um texto. Pode-se dividir em três segmentos: coesão referencial, coesão sequencial e coesão recorrencial.

1. Coesão referencial - é a que refere a outro(s) elemento(s) do mundo textual.
Exemplos:
a) O presidente George W. Bush ficou indignado com o atentado no World Trade Center. Ele afirmou que "castigará" os culpados. (retomada de uma palavra gramatical - referente "Ele" = "Presidente George W. Bush")
b) De você só quero isto: a sua amizade (antecipação de uma palavra gramatical - "isto" = "a sua amizade")
c) o homem acordou feliz naquele dia. O felizardo ganhou um bom dinheiro na loteria. (retomada por palavra lexical - "o felizardo" = "o homem")

2. Coesão sequencial - é feita por conectores ou operadores discursivos, isto é, palavras ou expressões responsáveis pela criação de relações semânticas (causa, condição, finalidade, etc). São exemplos de conectores: mas, dessa forma, portanto, então, etc.
Exemplo:
Ele é rico, mas não paga as suas dívidas.

Observe-se que o vocábulo "mas" não faz referência a outro vocábulo; apenas conecta (liga) uma ideia a outra, transmitindo a ideia de compensação.

3. Coesão recorrencial - é realizada pela repetição de vocábulos ou de outras estruturas frasais semelhantes.
Exemplos:

Os carros corriam, corriam, corriam.
O aluno finge que lê, finge que ouve, finge que estuda.

Coerência textual é a relação que se estabelece entre as diversas partes do texto, criando uma unidade de sentido. Está ligada ao entendimento, à possibilidade de interpretação daquilo que se ouve ou lê.
Um fato normal é a coesão textual levar à coerência; porém pode haver texto com a presença de elementos coesivos, e não apresentar coerência.
Veja o texto abaixo:

O presidente George W. Bush está descontente com o grupo Talibã. Estes eram estudantes da escola fundamentalista. Eles, hoje, governam o Afeganistão. Os afegãos apoiam o líder Osama Bin Laden. Este foi aliado dos Estados Unidos quando a invasão da União Soviética ao Afeganistão.

Comentário:
Ninguém pode dizer que falta coesão a este parágrafo. Mas de que se trata mesmo? Do descontentamento do Presidente dos Estados Unidos? Do grupo Talibã? Do povo Afegão? Do Osama Bin Laden? Embora o parágrafo tenha coesão, não apresenta coerência, entendimento.
Pode ainda um texto apresentar coerência, e não apresentar elementos coesivos.

5. INTERTEXTUALIDADE OU POLIFONIA:

Consiste em apresentar a fala de outra pessoa, ou do próprio autor em outro texto. Pode ser expressa por meio de parágrafos, ou paródias, ou citações.
No poema Escapulário, de Oswald de Andrade ("No Pão de Açúcar/ De cada dia/ Dai-nos Senhor [...]), observa-se que a intertextualidade aparece sob a forma de paródia do discurso religioso.
No seguinte exemplo, verifica-se que a intertextualidade aparece sob a forma de paráfrase do texto de Camões.

"Deseje a insegurança, pois isso é desejar a vida. Busque a insegurança e a mudança. Procure os caminhos ainda não trilhados e navegue por mares ainda não navegados, porque esse é o caminho da vida." (Revista Motivação & Sucesso, Empresa ANTHROPOS Consulting) 

6. TIPOGRAFIA TEXTUAL

Pode-se dizer que existem basicamente três tipos de texto: o descritivo, o narrativo e o dissertativo.

Texto descritivo
A descrição assemelha-se ao retrato. Num retrato observam-se detalhes. Numa descrição, é preciso que o autor chame a atenção para determinadas características do ser.
A descrição procura transmitir ao leitor a imagem que se tem de um ser mediante a percepção dos cinco sentidos: tato, gustação, olfato, visão e audição.
Exemplo:

"Eram sapatos de homem, de bico fino, sem cardaço, de couro marrom. Ainda novos. Porém recobertos de uma poeira fina, parecendo açúcar de confeiteiro." 
(Heloisa Seixas, Revista de Domingo, Jornal do Brasil, 21/10/2001)

Texto narrativo
A narração é a forma de composição que consiste no relato de um fato real ou imaginário. É como se acabássemos de assistir a um filme e contássemos a história sem colocar a nossa opinião.
O texto narrativo compõe-se de exposição, enredo e desfecho; e os elementos centrais são as personagens, as ações e as ideias.
Exemplo:

"Há coisas que só acontecem nos Estados Unidos. A Federação Aviation Association, FAA, investiga como um porco - isso mesmo, um porco - de 135 kg conseguiu embarcar na primeira classe de um Boeing 757. E mais, nele viajou por seis horas. Segundo relatos, o animal foi embarcado no dia 17 de outubro no voo 107 sem escalas da companhia US Airways que saiu da Filadélfia para Seatle." (Jornal do Brasil, 1/11/2000)"

Texto dissertativo
A dissertação é a forma de composição que consiste na posição pessoal sobre determinado assunto.
Quanto à formulação dos textos, o discurso dissertativo pode ser:

a) expositivo: consiste numa apresentação, explicação, sem o propósito de convencer o leitor. Não há intenção expressa de criar debate, pela contestação de posições contrárias às nossas.
Exemplo: 

"Eu, se tivesse um filho, não me meteria a chefiá-lo como se ele fosse um soldado de chumbo. Teria que lhe dar uma certa autonomia, para que pudesse livremente escolher o seu clube de futebol, procurar os seus livros, opinar à mesa, sem que esta aparência de liberdade fosse além dos limites. Os meninos mandões e os meninos passivos são duas deformações desagradáveis." (Edições O Cruzeiro - O Vulcão e a Fonte)

b) argumentativo: consiste numa opinião que tenta convencer o leitor de que a razão está do lado de quem escreveu o texto. Para isso, lança-se mão de um raciocínio lógico, coerente, baseado na evidência de provas.
Exemplo: 

"Em geral as pessoas morrem em torno dos trinta anos e são sepultadas por volta dos setenta. Leva quarenta anos para os outros perceberem que aquela pessoa está morta. Lembre-se: a vida é sempre uma incerteza. Somente o que é morto é certo, fixo, sólido." (Revista Motivação & Sucesso, Empresa ANTHROPOS Consulting).

Apesar das três principais tipografias textuais, apresentadas acima, há outras que também, são comuns em questões de interpretação de texto. Algumas destas são subdivisões dos apresentados acima. Observe abaixo:

Texto Literário
Expressa a opinião pessoal do autor que também é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, Subjetivo, Pessoal)

Texto Não-Literário
Preocupa-se em transmitir uma mensagem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, Informativo).

Texto Informativo
Tem a função de informar o leitor a respeito de algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da linguagem, 3ª pessoa do singular.

Texto de injunção
Indica como realizar uma ação. É também utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente. Ex: Receita de um bolo ou manuais.

Texto de diálogo
É uma conversa estabelecida entre duas ou mais pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e retomadas.

Texto de entrevista
É uma conversação entre duas ou mais pessoas (o entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. Ex: Entrevistas de revistas e jornais, ou ainda, qualquer meio que utilize estas características.

Texto com crônica
Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de sua redação e terá exemplos. Ex: É encontrada geralmente em meios de comunicação de circulação diária ou semanal, como jornais e revistas.

É importante ressaltar que para interpretação de alguns textos, é necessário que você tenha conhecimento sobre gramática e sobre determinados assuntos, que variam desde atualidades até fatos passados, entre outros. Por isso, recomendamos que você leia sobre os mais diversos assuntos e temas, além de estudar outros conceitos da gramática portuguesa, isso irá lhe dá autonomia para um conhecimento grande e o mais completo possível.

BIBLIOGRAFIA:
Gramática Escolar da Língua Portuguesa, 2ª edição, ed. Nova Fronteira. BECHARA, Evanildo.
Apostila Prefeitura de Santo André - Agente de Desenvolvimento Infantil, 2015. Grupo Nova.

Por fim, após ler toda explicação, sugerimos que você faça alguns exercícios para maior entendimento e treinamento do que foi aprendido. Para acessá-los, clique aqui.

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