AVIÕES: O QUE AS CATÁSTROFES AÉREAS ENSINAM?


Como já vimos anteriormente, em outras matérias da série Aviões: O que as catástrofes aéreas ensinam, quando as aeronaves estão a uma certa altura, a oxigenação pode ser comprometida. No caso disso acontecer, existem as máscaras de oxigênio, que conseguirão manter os passageiros vivos por no máximo quinze minutos. Segundo especialistas, este o tempo necessário para que os pilotos coloquem o avião em segurança a uma altitude capaz de deixar com que a respiração humana aconteça naturalmente. A tripulação tem trinta minutos de oxigenação. Mesmo quem nunca ouviu falar nesse termo, sabe que a falta de oxigênio pode matar depressa. Foi o caso do Boeing 737 da companhia Ryanair, em 2008. Logo após a decolagem, houve uma despressurização na cabine. Segundo relato de passageiros, a lufada de vento gelado atrelada a falha de algumas máscaras que não caíram como deveria, poderia ter matado várias pessoas. No entanto, o erro foi contornado rapidamente, e ninguém se feriu.
Contudo, muitos não sabem mas, em 1973, um avião da companhia Varig passou por um problema parecido. O desfecho você lê a seguir.

BOEING DA VARIG PEGA FOGO EM PLENO AR


Acidente: Incêndio de aeronave, seguido de pouso forçado
Local: Paris
Data do acidente: 11 de julho de 1973
Causa: Uma brasa de cigarro na lixeira do banheiro
Companhia: Varig
Aeronave: Boeing 707
Número de mortos: 123 pessoas
Número de sobreviventes: 11 pessoas

O Boeing 707 da companhia brasileira Varig, partiu do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino à capital da Inglaterra, Londres, em 11 de julho de 1973. Na aeronave, havia 117 passageiros e dezessete tripulantes. No comando do avião, o experiente piloto Gilberto Araújo Silva, que sofreria outro acidente na mesma companhia, alguns anos depois.
Era por volta das 14h, quando o avião cumpria os últimos quilômetros, para a escala até Paris, na França, quando uma passageira saiu tossindo fortemente, de um dos banheiros da aeronave. Ela dizia: 'Quase morri lá dentro!'. A fumaça saía do lavado, segundo as comissárias que correram para verificar a procedência. Com um extintor de incêndio, tentou controlar o fogo. Mas já era tarde demais. O incêndio já tomara conta do corredor do avião, provocando sufocamento dos passageiros que ali estavam.
Quando as labaredas começaram a invadir a cabine, Gilberto, já com as máscaras de oxigênio, e sem muito tempo restante para conseguir descer o avião em segurança, decidiu que teria de pousar o avião longe da cidade e aeroporto em Paris. Do contrário, a tragédia teria sido maior. A única saída era realizar um pouso de emergência, em algum terreno rural. Havia poucos lugares desabitados naquele local. Foi quando ele avistou uma plantação de cebolas. Lá fez o pouso de emergência do avião que, já tinha perdido grande parte de sua fuselagem durante o incêndio. À beira da asfixia e sem conseguirem enxergar sequer o painel de controle, quebrou as janelas junto com o copiloto. Os dois realizaram a manobra com os rostos parcialmente para fora do avião, tentando conseguir tal façanha, já que tudo indicava que ninguém sobreviveria. O copiloto foi atingido por alguns galhos de uma árvore durante o pouso. Teve uma fratura exposta e um rasgo na mão.
Curiosamente, o avião conseguiu chegar ao chão de forma impressionante. Nos fundos da aeronave, o silêncio tomara conta. Apesar do pouso bem-sucedido, quase todos os passageiros morreram asfixiados pela fumaça tóxica. Com apenas quinze minutos de oxigênio, não tiveram chance de sobreviver. 122 pessoas perderam a vida dessa forma. Entre elas, o cantor Agostinho dos Santos, a atriz Regina Lecléry e o senador Filinto Muller - que, na época, era presidente do Senado. Entre os tripulantes, apenas um morrera. Ele havia morrido após ser arremessado contra o painel do cockpit.
Ricardo Trajano, de 19 anos, foi o único sobrevivente entre os passageiros. Durante o pouso de emergência, disse ter se segurado contra a porta entreaberta da cabine de comando. Sobreviveu graças ao ar que vinha das janelas abertas. Mesmo assim, sofreu graves ferimentos, como fraturas e queimaduras. Foi retirado com vida pelos bombeiros que chegaram ao local do acidente, antes que o fogo terminasse de consumir o avião.
Após alguns meses de investigação, o Ministério de Transporte da França determinou que a causa da tragédia havia sido provocada por uma bituca de cigarro, jogada na lixeira do banheiro. Desde então, todas as agências aéreas proibiram o consumo de cigarro nos banheiros ou qualquer canto das aeronaves. Mesmo assim, a abolição por completa, além de gerar polêmica por mais de dez anos, só foi instituída oficialmente em 1988. Ou seja, quinze anos após a tragédia em Paris.


Acima, imagem do avião sendo socorrido pelos bombeiros e autoridades locais após o desastre.

SUGESTÃO

Após a leitura, separamos um vídeo do noticiário que conta sobre o acidente da Varig em 1973. As imagens são do You Tube, e o idioma é o português.


SUGESTÃO PARA LEITURA

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