DOSSIÊ CÂNCER:
A PREVENÇÃO, A LUTA, A VITÓRIA

Houve um dia em que ter diabetes era uma sentença de morte - ou pelo menos de alguns membros amputados. A pressão alta, a garantia de um ataque cardíaco iminente. Ser portador de HIV, uma verdadeira arma apontada para a cabeça. Hoje, são doenças ainda graves, mas crônicas e controláveis - qualquer um pode conviver com elas e ter qualidade de vida, desde que tomados alguns cuidados.
A epidemia assustadora dos nossos tempos de vida longa e farta (inclusive de maus hábitos como fumar, beber, comer demais e não se exercitar) é o câncer e suas mais de 100 variações já identificadas. Um assunto que interessa a todos nas próximas postagens, que compreenderão um DOSSIÊ CÂNCER: A PREVENÇÃO, A LUTA, A VITÓRIAVocê lerá e verá que ter câncer não é uma loteria, mas sim uma probabilidade estatística. Esse diagnóstico vai aparecer para metade de nós nos próximos anos.
A cura definitiva da doença em qualquer estágio já foi cravada algumas vezes, e tema de notícias ou assuntos publicados neste blog. Hoje, cientistas de todo o mundo parecem convergir para uma solução menos milagrosa que um elixir mágico, e, por isso, mais plausível: manter o câncer sob controle. As últimas descobertas aplacam a fúria da multiplicação das células cancerosas e garantem uns bons anos a mais de vida, e o principal: com qualidade. Para que o câncer, muito em breve, seja a nova diabetes, metaforicamente, só nos impeça de comer alguns doces, mas não de viver.

TRATAMENTOS:
BATALHA SEM FIM - UM INIMIGO MUTANTE REQUER UMA LUTA EM VÁRIAS FRENTES. OS TRATAMENTOS MODERNOS CONTRA O CÂNCER TÊM POR OBJETIVO DOMAR COM A QUAL PRECISAREMOS CONVIVER


HERANÇAS DE GUERRA
Quimio e radioterapia ainda são fundamentais, porque ajudam a combater o crescimento descontrolado do tumor.


Se há um legado positivo da Segunda Guerra Mundial, é a invenção de procedimentos que, a partir da década de 1950, vieram a ser as principais formas de combater o câncer. Cientistas observaram que soldados expostos a armas químicas apresentavam baixa contagem de esperma, vômito e queda de cabelo. Concluíram, então, que os quimioterápicos afetam o organismo onde há reprodução celular acelerada, como espermatozoides, folículos capilares e... tumores. Já a radioterapia é a herança boa dos estudos que resultaram nas bombas de Hiroshima e Nagasaki.
Sessões de quimioterapia e de radioterapia foram, por décadas, praticamente os únicos tratamentos eficazes contra o câncer fora das mesas de cirurgia. Enquanto a quimio atinge todo o organismo, a radioterapia atinge apenas o tumor - e as células por perto. Mas ambas são agressivas e generalistas. Ao atingir também células saudáveis, acabam até debilitando mais do que auxiliando os pacientes. Daí a revolução recente das terapias-alvo, que atacam diretamente as células doentes de forma mais objetiva.
A dupla quimio & radio, no entanto, está longe de ser descartada, porque combater o crescimento do tumor é fundamental. A boa nova é que são cada vez menos agressiva. Se, na década de 1970, uma sessão com o quimioterápico cisplatina fazia um paciente vomitar até 16 vezes, hoje ele é ministrado com antinauseantes que reduzem para até duas ou três. A queda de cabelo também é mais sutil. E a radioterapia, com as tomografias computadorizadas e os aceleradores de partículas em 3D, praticamente não tem efeito colateral. O tumor é atingido por feixes de radiação com precisão milimétrica. A cura ainda está longe, mas ao menos a figura clássica do paciente de câncer - careca, magro e debilitado - vai ficando para trás.


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